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Lição do Filme ‘Inside Out’: A Felicidade não é só Alegria

Conheces o filme de animação Inside Out (‘Divertida Mente’, em Português), feito pela Pixar? Se não conheces, vê assim que puderes!

Este filme foi um êxito de audiências, mas mais do que isso, serviu para mostrar ao público como é que as nossas emoções nos afetam e que todas as emoções são importantes.

A maior parte do filme passa-se dentro da cabeça de uma menina de 11 anos de idade, chamada Riley, onde vemos cinco emoções representadas por personagens de animação. As emoções que aparecem no filme são: Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojo.

No início do filme, vemos que a emoção de Alegria, é aquela que comanda a mente da Riley e o seu objetivo é tentar que ela esteja sempre feliz. No entanto, apercebemo-nos que não só é impossível estarmos sempre felizes, como também não é saudável.

A emoção da Tristeza é representada por uma personagem que está sempre em baixo, fala devagar e parece que só existe para atrapalhar. Mas o que vemos durante o filme, principalmente perto do fim, é que todas as emoções têm um propósito, incluindo a Tristeza. Inclusive, vemos que quando a Alegria deixa a Tristeza operar, em conjunto, a mente de Riley, esta parece alcançar uma forma de felicidade mais profunda.

Na sociedade atual, é passada a imagem que devemos estar sempre felizes, sempre alegres.

Existem muitas pessoas em diversas áreas terapêuticas, que passam a mensagem que temos que estar alegres, custe o que custar, e que mesmo que não estejamos alegres, devemos fingir que estamos. Essa forma de estar não podia estar mais errada e o filme Inside Out passa essa mesma mensagem.

Este filme foi acompanhado e aconselhado de perto pelo psicólogo Dacher Keltner, especialista no campo das emoções, de forma a dar suporte científico e fiabilidade ao filme. Então esta não é só uma animação, mas uma lição de vida. E não é só este psicólogo que nos diz que devemos sentir todas as emoções e que a felicidade não se atinge apenas sentindo alegria.

No Journal of Experimental Psychology, investigadores de quatro países e seis instituições, incluindo a Universidade de Yale e a Harvard Business School, descobriram que experienciarmos um leque diverso de emoções pode ser bom para a nossa saúde física e mental.

Para este estudo, os investigadores analisaram a variedade e abundância de emoções positivas e negativas que os seus participantes reportavam.

Esta análise de variedade e abundância de emoções, tem o nome de “emodiversidade”. O primeiro estudo, analisou 35.000 oradores Franceses e descobriu que a emodiversidade está ligada a uma menor depressão. Aliás, as pessoas com elevada emodiversidade tinham menos probabilidades de estarem depressivas do que as pessoas apenas com emoções positivas elevadas.

O segundo estudo ligou a emodiversidade a uma melhor saúde. Com base numa amostra de cerca de 1.300 Belgas, os com maior emodiversidade tomavam menos medicação, gastavam menos dinheiro com a sua saúde e faziam menos visitas aos centros de saúde e hospitais. Eles também tinham uma melhor dieta, faziam mais exercício físico e tinham hábitos mais saudáveis.

As emoções informam-nos a cada instante sobre aquilo que estamos a viver.

Sem emoção não se poderia dizer: “Estou feliz, sinto-me satisfeito, sinto-me triste, estou com ódio, estou aborrecido, estou apaixonado.” Sem emoções seríamos apenas robôs avançando mecanicamente na vida com o olhar vazio e o rosto desprovido de qualquer expressão.

As emoções são múltiplas e variadas e não existem boas ou más emoções.

Existe apenas emoções que são agradáveis, desagradáveis ou neutras.

– As emoções agradáveis assinalam a satisfação das nossas necessidades. São emoções desejáveis que procuramos reencontrar, reproduzir e renovar.

– As emoções desagradáveis fazem-nos sofrer à altura da nossa insatisfação. Geralmente evitamo-las ou recusamo-las.

– As emoções neutras passam despercebidas porque não levantam nenhum problema em particular.

As emoções são embalagens que contêm mensagens que é do nosso interesse ler se queremos continuar a ser felizes ou para evitar que os nossos aborrecimentos piorem. Tal como a febre me diz que alguma coisa não está bem no meu organismo, a fúria indica que um obstáculo que opõe à minha satisfação, a felicidade indica que este é o caminho a seguir e a tristeza permite-me identificar o que me falta. Quer se trate da emoção ou de sensação física, quanto mais depressa agirmos, mais o remédio será simples e ligeiro.

Então, não tenhas medo de sentires emoções negativas como a raiva e a tristeza, o facto de as sentires é saudável. Suprimir essas emoções e mascará-las com alegria é que pode causar danos à tua saúde física e mental.

Claro que temos de ter em atenção à frequência que sentimos essas emoções. Se por um lado é saudável sentirmos emoções negativas, também se torna prejudicial se essas forem as nossas emoções dominantes e se perdurarem. Há situações que duram dias, semanas, meses ou anos e das quais nem sempre se tem bem consciência. É por exemplo uma situação familiar que não se consegue resolver, relações profissionais desprezíveis ou humilhantes, situações financeiras insolúveis. Há também as angústias, as fobias ou as depressões, que independentemente do assunto, mantêm o corpo e o espírito em estado de alerta permanente. É a isso que se chama de emoções de longa duração (ELD). A tensão provocada por uma ELD leva o corpo a estar sempre pronto para o ataque. O organismo está constantemente em estado de guerra.

Por causa da presença contínua dessa emoção, o corpo é de certa forma obrigado a fabricar continuamente adrenalina, cortisona e endorfinas. É uma resposta mecânica. O corpo não pode fazer de outra maneira e continuará a fazê-lo enquanto o perigo estiver presente. Esta mobilização ininterrupta dos recursos é um círculo vicioso esgotante que não dá tréguas ao organismo para descansar e para recuperar forças.

Na ausência da fase final de descanso e de recuperação, o ciclo natural da emoção (carga, tensão, descarga, recuperação) deforma-se e perverte-se, para se tornar o ciclo abortado das emoções de longa duração, que se repete infinitamente, até se esgotar por completo.

A mensagem final então é: é mais saudável experienciar uma panóplia de emoções diversificadas do que tentarmos estar apenas no espectro positivo. No entanto, estarmos no espectro negativo com uma duração exagerada, irá se tornar prejudicial.

As Emoções no Mundo Digital

Existem muitas teorias que diferem sobre a origem e a construção das emoções, mas existe um ponto que gera um consenso e que a ciência tem vindo a demonstrar: as emoções impactam a nossa tomada de decisão, quer queiramos quer não.

Um individuo está a tentar fechar uma negociação, mas está a ter dificuldades. Utiliza todos os argumentos lógicos e possíveis, indica as vantagens e as desvantagens e apresenta os números a seu favor. O outro lado continua a recusar o negócio, apresentando uma postura fechada. A dado momento, revelamos que nascemos numa certa cidade. E não é que do outro lado da mesa, essa pessoa também é natural de lá? A conversa centra-se nesse ponto em comum, existem alguns risos e partilhas de bons momentos que passaram lá, bem como pessoas conhecidas em comum. Passado alguns minutos, o outro lado inclina-se para a frente e pede mais alguma informação sobre o negócio. E conseguimos fechar a negociação.

Esta situação é muito comum, mas não tem nada de racional. Dizemos que o ser humano é um ser racional, mas antes de racional, é emocional.

A informação que chega ao nosso cérebro é primeiramente processada por regiões subcorticais que são responsáveis pela informação emocional e só depois é que chega às regiões corticais, processando a informação racionalmente. Isto significa que estamos a ser constantemente afetados pelas nossas emoções, quer queiramos, quer não. E podemos mesmo preferir prejudicar-nos, se o nosso estado emocional nos levar por esse caminho. Algumas teorias económicas defendem que os indivíduos fazem escolhas de forma a maximizar os seus ganhos. No entanto, existe uma experiência denominada de “Jogo do Ultimato” que mostra o oposto. Imaginemos uma situação em que estamos numa sala e outro individuo está noutra sala e é feito um sorteio, em que quem ganhar vai receber 100€, mas tem que dividir esse dinheiro com a outra pessoa. Mas existem duas regras: a primeira é que a pessoa vencedora pode escolher dividir o dinheiro da forma que entender e a segunda é que se a outra parte recusar, ninguém ganha dinheiro. O outro indivíduo ganha o sorteio e decide-nos dar 50%. O que faríamos? A maioria das pessoas tende a aceitar. É uma divisão justa, em que ambos ganham o mesmo. Agora, vamos supor que ele decide dar-nos 10€ e ficar com 90€. O que faríamos? Mais de metade das pessoas recusa o valor. Mas esta decisão não tem nada de racional, pois nós não tínhamos qualquer dinheiro e iriamos ganhar 10€. No entanto, a maioria dos indivíduos sente que essa divisão é injusta e o sentimento de injustiça sobrepõe-se à nossa análise racional e lógica. As emoções estão presentes em todas as nossas decisões e impactam o nosso processamento cognitivo e a forma como percepcionamos o mundo. E, nas tecnologias, não é excepção. Algo tão tangível e físico como um telemóvel, pode gerar estados emocionais diversos. Foi feito um estudo por Fortunati e Taipale (2012), inquirindo mais de 3.000 mulheres de cinco países Europeus (Itália, França, Reino Unido, Alemanha e Espanha), tendo verificado que as emoções que sentiam perante o seu telemóvel eram predominantemente positivas. Uma das razões era que estar com o seu telemóvel, dava-lhes um sentimento de segurança, pois em caso de perigo, poderiam contactar rapidamente qualquer pessoa, inclusive autoridades policiais, de forma rápida.

No entanto, também existe investigação que demonstra que experienciamos sentimentos negativos por via da utilização do telemóvel. Por exemplo, quando enviamos uma mensagem de texto, esperamos que o recipiente esteja conectado permanentemente, pelo que um atraso na resposta gera uma insatisfação pessoal e sentimento de rejeição. Várias pessoas também experienciam sentimentos de pânico quando se esquecem do seu telemóvel ou mesmo quando ficam sem bateria. No mundo digital, as emoções ganham uma proporção ainda maior, pois somos afetados por conteúdos e comentários de toda a parte. Essa informação que nós recebemos, afeta os nossos estados emocionais e o nosso comportamento.

Foi feito um estudo feito pela Universidade da Califórnia e pela Universidade de Cornell, em que, em conjunto com a rede social Facebook, foi manipulado o feed de notícias de 690.000 utilizadores durante uma semana. Um grupo de utilizadores recebeu notícias positivas e outro grupo recebeu notícias com comentários negativos. O estudo verificou que quando as pessoas viam menos notícias negativas, escreviam menos publicações negativas. E, quando as pessoas viam menos notícias positivas, escreviam menos publicações positivas. Então, as emoções expressas por outros através de redes sociais, influenciam as nossas próprias emoções, influenciando o nosso comportamento. O ser humano tem uma grande necessidade de expressar as emoções que está a sentir e podemos verificar isso novamente através do Facebook. Durante anos esta rede social tinha apenas um botão de “Gosto” e muitas pessoas pediam também um botão de “Não gosto” ou mais formas de expressar o que estavam a sentir perante aquela publicação, até que o Facebook adicionou vários emojis, onde agora os utilizadores podem expressar sentimentos como “Adoro”, “Riso”, “Surpresa”, “Tristeza” e “Raiva”. Este efeito das emoções no nosso comportamento e na nossa tomada de decisão, tem despertado várias empresas que apostam no marketing e publicidade digital. A expressão “As pessoas compram emocionalmente, mas justificam racionalmente”, tem vindo a ser validada pelos estudos feitos e pelas campanhas de publicidade montadas.

Em 2016, a Temkin Group fez um estudo para verificar o impacto de uma associação emocional positiva com uma marca específica e mostrou que os consumidores que tinham experiências emocionais positivas com a marca, tinham 15 vezes mais probabilidade de recomendar essa empresa, 7.8 vezes mais probabilidade de tentar novos produtos ou serviços e 6.6 vezes mais probabilidade de perdoar a empresa após um erro. A neurociência tem trazido mais informação ao impacto das emoções na nossa tomada de decisão, sendo possível medir reações biológicas e neurológicas quando um consumidor vê um anúncio.

A Nielsen Company, que analisa dados de consumidores por todo o mundo, analisou mais de 100 estudos de 25 marcas e verificou que os anúncios com uma resposta emocional positiva superior, gerou um aumento de 23% nas vendas. O futuro das empresas do mundo digital passa por aqui. Quando analisarem novos produtos, novas publicidades e novas campanhas, devem focar-se principalmente na experiência emocional do consumidor. Porque a forma como o consumidor se sentir perante essa informação, vai ser preponderante na forma como o mesmo vai reagir. E a forma como reagir, vai ditar o resultado da empresa.

#2 Desafio 2020 – Autoestima

Chegamos a Fevereiro, segundo mês do ano e com isso, segundo desafio do ano para desenvolvermos a nossa Inteligência Emocional!

Vamos recordar o primeiro desafio deste ano:

Para este mês, o desafio vai incidir sobre a Autoestima.

Segundo Morris Rosenberg (1965), a autoestima é uma atitude positiva ou negativa em relação ao self. A característica que distingue este conceito de outros é que é visto primariamente como um conceito afetivo, estando baseado num sentimento particular, nomeadamente de valor próprio.

A autoestima pode ser vista como um continuum, estando de um lado uma baixa autoestima e do outro uma elevada autoestima. As pessoas com uma baixa autoestima tendem a experienciar mais emoções negativas, tais como ansiedade, tristeza, depressão, hostilidade, ansiedade social, culpa e vergonha (Leary, & MacDonald, 2003). No entanto, se uma pessoa tiver uma autoestima demasiado elevada, pode demonstrar alguns comportamentos não desejáveis como egocentrismo, narcisismo e até violência (Baumeister, Smart, & Boden, 1996).

Este desafio é então focado nas pessoas que queiram treinar esta competência para aumentar a sua Inteligência Emocional. Se esta competência já estiver muito desenvolvida, poderá até ser contraproducente tentar aumentar mais, tal como indicado anteriormente. O que é em excesso não tende a ser bom.

A autoestima pode envolver uma variedade de crenças, tais como a opinião sobre a nossa aparência, as emoções que temos e os nossos comportamentos. Quando as crenças sobre as nossas competências são limitadoras, podem começar a gerar sentimentos de insegurança e ansiedade e arrastar outras emoções negativas, afetando o nosso valor próprio e a nossa autoestima. Se isto for continuado, o nosso cérebro pode começar a associar estes sentimentos a outras áreas da nossa vida e a insegurança alastra-se ainda mais.

No entanto, aumentar a nossa autoestima não é uma tarefa linear. Parte do problema é que a nossa autoestima é instável, podendo flutuar diariamente e até várias vezes ao longo do dia. Adicionalmente, este conceito agrega os sentimentos globais que temos sobre nós, bem como a forma como nos sentimos em domínios específicos da nossa vida. Por fim, quanto mais significado atribuirmos a um certo domínio da nossa vida, maior é o impacto na nossa autoestima.

Por exemplo, imagina que dás muito valor à forma como cozinhas. Se fizeres um prato e alguém disser que não está bom, a força dos sentimentos negativos será muito maior do que alguém que não atribui tanto significado a esse domínio.

Desafio!

Para o desafio deste mês, cada vez que sentires que falhaste em alguma coisa ou com alguém, substitui a autocrítica pela autocompaixão. Quando o teu diálogo interno crítico entrar em cena, pergunta a ti próprio/a o que dirias a um amigo se tivesse nessa mesma situação. E depois direciona esses comentários a ti próprio/a.

Ao fazeres este exercício, irás evitar causas danos na tua autoestima com pensamentos críticos, ajudando a incrementar a autoestima pouco a pouco.

Bons treinos!

 

Autoestima - Inteligência Emocional

#12 Desafio 2019 – Otimismo

Chegamos a dezembro, último mês do ano e último desafio de 2019!

Ao longo dos últimos 11 meses, treinamos várias competências ligadas ao desenvolvimento da Inteligência Emocional. Vamos recordar os últimos desafios lançados:

Para terminar este mês, vamos treinar uma competência muito importante que serve como combustível para aumentar as nossas competências sociais e emocionais: o Otimismo.

O otimismo é a esperança e confiança sobre o futuro ou o sentimento que conseguimos atingir algo com sucesso. O otimismo também é uma das variáveis que tende a estar mais relacionada com a satisfação com a vida. Quando estamos otimistas, não só acreditamos que o futuro é risonho, mas também conseguimos pensar em coisas específicas que desejamos alcançar. Então, tende a ser fundamental para o nosso bem-estar.

Como praticamente tudo na vida, o que é em exagero não tende a ser adaptativo. Se formos excessivamente otimistas e se estivermos sempre nesse espectro, podemos ficar menos capacitados em experienciar várias emoções de teor negativo, mas que são necessárias e adaptativas a várias situações do dia-a-dia. Adicionalmente, um otimista em excesso, pode descurar dar passos concretos para resolver alguma situação problemática, pois apoia-se no pensamento de que tudo irá correr bem. Devemos desenvolver o nosso otimismo, mas sem cair no extremo do otimista cego e desenfreado. Então, quando menciono “otimismo”, é um otimismo ajustado.

No meu livro “Inteligência Emocional – uma abordagem prática“, explico um pouco a ligação que existe entre o nosso cérebro e o otimismo e o pessimismo, sendo que vou transcrever uma parte onde abordo esse assunto:

“O nosso cérebro está dividido em várias partes e uma delas é o córtex pré-frontal, uma zona do cérebro que está localizada mesmo atrás da nossa testa. Dentro do córtex pré-frontal, temos também o córtex pré-frontal esquerdo e o córtex pré-frontal direito. Inúmeros estudos demonstram que, cada vez que temos um pensamento positivo, generoso ou de gratidão, o córtex pré-frontal esquerdo se ilumina. Por outro lado, cada vez que temos um pensamento negativo, pessimista ou depressivo, é o córtex pré-frontal direito que se ilumina.

Ao longo do dia, consoante os tipos de pensamento que vamos tendo, o córtex pré-frontal vai-se iluminando entre estas duas zonas. E quanto mais uma zona acende, mais o cérebro a grava como sendo a nossa preferência, enviando pensamentos e procurando evidências no mundo exterior para a reforçar. O cérebro não sabe se esses pensamentos e essas evidências do mundo exterior vão fazer-nos bem ou mal. O cérebro apenas sabe que são a nossa preferência, logo vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que a nossa preferência seja respeitada e repetida.

Então, isto quer dizer que uma pessoa que se foque no negativo várias vezes ao longo do dia está a dizer ao cérebro que se foque mais no negativo, e este vai enviar-lhe pensamentos e vai procurar evidências negativas no mundo exterior, fazendo com que a pessoa pense e se foque ainda mais no negativo. Começa o efeito bola de neve destruidor.

A chave para desligar as emoções negativas parece estar mesmo localizada no córtex pré-frontal esquerdo. Neurocientistas que estudam os humores em pacientes com lesões nos lobos pré-frontais determinaram que uma das tarefas do lobo pré-frontal é agir como um termóstato neuronal, regulando as emoções desagradáveis. O córtex pré-frontal direito alberga sentimentos negativos, como o medo e a agressão, enquanto o córtex pré-frontal esquerdo controla essas emoções, provavelmente inibindo a parte direita.

Num grupo de pacientes que tinham sofrido AVC (acidente vascular cerebral), aqueles cujas lesões se situavam no córtex pré-frontal esquerdo tinham mais preocupações e medos e aqueles cujas lesões se situavam no córtex pré-frontal direito eram até indevidamente alegres (Gainotti, 1972).

Num dos casos estudados, um homem teve o lobo pré-frontal direito parcialmente removido após uma cirurgia, devido a uma malformação no cérebro. Após a operação, a sua mulher disse aos médicos que ele tinha tido uma mudança de personalidade dramática, ficando menos facilmente irritado e mais afetuoso (Morris, M.K., et al., 1991).

A amígdala age como um gatilho de emergência, mas o córtex pré–frontal esquerdo parece ter capacidade de desligar as emoções perturbadoras. Esta é uma excelente arma que temos para aprender a lidar com a negatividade da vida.”

Sabemos agora que o córtex pré-frontal esquerdo desempenha um papel importante em experienciar emoções positivas. Então, de forma a gerarmos atividade no córtex pré-frontal esquerdo com mais frequência e aumentar o nosso otimismo, uma das formas é expormo-nos, com intenção, a estímulos e situações que nos sejam prazerosos.

Para este desafio e com uma frequência diária, pensa em formas para criar uma experiência agradável para fazeres no dia seguinte. Por exemplo, pode ser ver um episódio de uma série, ir beber um café com um amigo, fazer alguma atividade com alguém que gostes, descansar, comer uma certa refeição, ver um certo vídeo ou algo do género. Escolher algo com intenção, pensar nisso e fazê-lo, dá-nos mais satisfação do que quando fazemos apenas sem pensarmos, em modo automático.

Bons treinos e um excelente último mês de 2019!

inteligência emocional - otimismo

 

#11 Desafio 2019 – Relacionamentos Interpessoais

Novembro, mês de novo desafio para treinar a nossa Inteligência Emocional!

Este mês é tempo de desenvolvermos os Relacionamentos InterPessoais. Este tema é muito importante e traz um impacto tremendo no nosso bem-estar e felicidade.

Antes de lançarmos o novo desafio do mês, vamos recordar os últimos 10 desafios de 2019:

A qualidade dos nossos relacionamentos é fundamental para o nosso bem-estar a para a nossa saúde. Em termos de relacionamentos amorosos, existe muita evidência que documenta a relação entre a saúde e estar num relacionamento que nos satisfaça (HoltLundstad, Birmingham & Jones, 2008).

Por exemplo, as pessoas que reportam que as suas experiências durante um relacionamento ficam mais negativas e menos positivas ao longo do tempo, apresentam uma saúde também cada vez menor (Umberson, Williams, Powers, Lui, & Needham, 2006).

Um estudo feito a 100 pacientes de transplante de medula óssea mensurou o poder de ter laços pessoais fortes. Entre os pacientes que sentiam que tinham um forte suporte emocional do seu parceiro, família ou amigos, 54 por cento sobreviveram aos transplantes após dois anos, em comparação com 20 por cento daqueles que reportaram sentir que tinham pouco suporte (Strain, 1991).

Neste desafio mensal sobre relacionamentos interpessoais, vamo-nos focar nos relacionamentos amorosos. Caso estejas atualmente num relacionamento, vê o que recomendamos para que o mesmo continue a funcionar e seja satisfatório e caso não estejas e pretendas iniciar um, que passos podes dar logo desde do início para que o relacionamento comece da melhor forma.

O que será que faz um relacionamento amoroso funcionar? Claro que cada situação é única e tem as suas vicissitudes, mas podemos analisar os padrões dos relacionamentos que melhor funcionam e tirar uma ideia sobre os passos que podem aumentar a probabilidade de a nossa resultar. Um professor da Universidade de Illinois especializado em desenvolvimento humano e estudos de famílias, chamado Brian Ogolsky, analisou estudos publicados no meio académico desde 1950 sobre “manutenção de relacionamentos” e identificou as estratégias mais utilizadas para que os casais ficassem juntos.

Realçamos cinco dessas estratégias que Ogolsky encontrou:

  1. Manter as linhas de comunicação abertas: os casais que mantém bons relacionamentos, tentam fazer com que não existam barreiras entre eles. Dividem também as suas tarefas, não sobrecarregando o outro;
  2. Responder um ao outro: para além de fazer com que não existam barreiras, falando livremente, também é importante que realmente estejam presentes quando a outra parte quer comunicar. Ou seja, quando alguém quer falar sobre o seu dia, devemos colocar o nosso telemóvel ou computador de lado e escutar realmente, colocando perguntas e mostrando interesse;
  3. Falar sobre o relacionamento: falar e refletir periodicamente sobre como vai a sua relação. Abordar onde acham que estão, para onde vão e aquilo que precisam de melhorar no seu relacionamento;
  4. Utilizar humor: a utilização do humor significa a capacidade dos casais conseguirem rirem-se de certas situações que surgem, de forma a reduzir o stress e tensão e ficarem mais capazes de lidar com as mesmas. Ou seja, não levarem tudo de forma séria, sem nunca brincarem e rirem sobre o seu dia. No entanto, cuidado com a utilização de sarcasmo, pois tende a ser negativo para a relação;
  5. Fazer atividades novas e engraçadas em conjunto: é essencial que os casais façam atividades novas e divertidas para fortalecer os laços e quebrarem pontualmente a rotina normal que existe no dia-a-dia. Uma relação constrói-se com momentos e se não existirem novos momentos ao longo da relação, torna-se mais difícil que a relação continue positiva e feliz.

Para o desafio deste mês, concentra-te em aplicar as cinco estratégias que indicamos no artigo que os casais felizes mais utilizam e reflete sobre como estas foram úteis para fortalecer a tua relação.

inteligência_emocional - relacionamentos interpessoais

 

Referências bibliográficas:

Holt-Lundstad, J., Birmingham, W., & Jones, B.Q. (2008). Is there something unique about marriage? The relative impact of marital status, relationship quality, and network support on ambulatory blood pressure and mental health. Annals of Behavioral Medicine, 35, 239–244

Strain, J. J. e. a., 1991. Cost offset from a psychiatric consultation-liaison intervention with elderly hip fracture patients. The American Journal of Psychiatry, 148(8), pp. 1044-1049.

Umberson, D., Williams, K., Powers, D.A., Liu, H., & Needham, B. (2006). You make me sick: Marital quality and health over the life course. Journal of Health and Social Behavior, 47, 1–16.

O Efeito Acima da Média

Imagina que é pedido para te avaliares nas seguintes situações, numa escala de 1 (abaixo da média) a 5 (acima da média):

  • “Considero que sou um amigo”
  • “Considero que sou um trabalhador”
  • “Considero que a minha inteligência é”
  • “Considero que as minhas ideias são”
  • “Considero que a minha condução é”
  • “Considero que me preocupo com os outros”

Se fores como a maioria das pessoas, a tua avaliação deverá ter sido “acima da média” (valores entre 4 e 5) na maioria das situações. Mas, como todos nós sabemos, estatisticamente é impossível estarmos todos acima da média.

A investigação em psicologia social descobriu que quando se pede para as pessoas avaliarem as suas capacidades, a maioria avalia-se “acima da média” (). Este efeito chama-se “Efeito acima da média”, tendo a sigla BTA em inglês (better than average).

Podemos ver este efeito em várias situações e em vários grupos. Por exemplo, num estudo que contou com um milhão de estudantes do ensino secundário, foi pedido que se classificassem, comparando-se aos seus colegas() Os resultados foram os seguintes:

  • 60% considerou-se acima da média na capacidade atlética, sendo que apenas 6% se classificou abaixo da média;
  • 70% considerou-se acima da média na capacidade de lierança, com apenas 2% a se classificar abaixo da média.

Se pensarmos que este efeito apenas é visível porque estamos a falar de estudantes do ensino secundário, sendo que é um grupo que tipicamente sente que pode fazer tudo, que consegue mudar o mundo e tem uma confiança em si acima da média, o estudo feito por Sedikides, Meek, Alicke e Taylor (2014), mostra que o efeito é robusto. Estes investigadores avaliaram o efeito acima da média, comparando as crenças morais e éticas de um grupo de prisioneiros, em relação com o “prisioneiro médio” e com o “membro médio da comunidade”. Os resultados foram:

  • Os presos avaliaram os seus traços morais, de amabilidade, de honestidade, de compaixão e de generosidade, acima do “prisioneiro médio”, bem como do “membro médio da comunidade”. Apenas o traço que dizia “cumprimento da lei” apresentou uma avaliação abaixo da média.

Ao início, os investigadores consideravam que este efeito devia-se ao facto das pessoas compararem-se de forma mais favorável que as outras, de forma a preencherem as suas necessidade de auto-enaltecimento. Ou seja, para se sentirem melhores e protegerem a sua autoestima, a maioria das pessoas avalia-se acima da média. Entretanto, outras hipóteses têm vindo a ser lançadas e estudadas.

Como em qualquer situação, existem sempre vantagens e desvantagens. E o efeito acima da média não foge à regra.

Vamos começar pelas vantagens. Uma delas já foi referida acima, que é a capacidade de proteger a nossa autoestima. Com uma baixa autoestima, sentimo-nos pior, queremos estar mais isolados e podemos ter comportamentos prejudiciais connosco ou com terceiros. Por isso, é bom protegermos a nossa autoestima e este efeito ajuda-nos. Outra das vantagens é a nossa capacidade de arriscar em cenários de maior incerteza ou quando surgem mais obstáculos. Imagina que estás à procura de emprego e classificavas-te abaixo da média nas tuas inúmeras capacidades. O mais provável era nem concorreres ao emprego, tirando qualquer hipótese de conseguir aquela vaga. Ou mesmo que concorresses e fosses chamado, tinhas muita dificuldade em ter um bom desempenho na entrevista de emprego, pois consideravas-te alguém pior que os outros. E se tiveres uma imagem negativa das tuas capacidades, como é que consegues convencer os outros que as tuas capacidades são uma mais valia para a empresa?

No entanto, também existem as suas desvantagens. Se nos considerarmos sempre acima da média, podemos ficar com uma imagem demasiado inflacionada de nós e perdermos o nosso foco dos pontos mais negativos que temos e podemos não nos esforçar tanto para tentar melhorar. Porque se somos assim tão bons, não existe muita necessidade de melhoria. Imagina que és um estudante universitário e sentes que és muito acima da média em relação aos teus colegas, em termos de desempenho académico. Facilmente podes perder o foco em ter que sacrificar algumas horas a mais de estudo para tentar obteres uma melhor nota, sendo prejudicado no resultado final. E se ao receberes um mau resultado, não tiveres a capacidade de refletires sobre as causas reais (falta de estudo), podes facilmente fazer atribuições externas, dizendo que a má nota deveu-se ao facto de estares cansado ou teres tido azar. E se fizeres essas atribuições, podes repetir o mesmo comportamento, voltando a ter uma má nota.

Em resumo, consideramos que somos mais virtuosos, honrados, competentes, capazes, talentosos, compreensivos, simpáticos e até mais humanos que os outros (Haslam, Bain, Douge, Lee, &
Bastian, 2005). Este é o efeito acima da média. O que interessa é termos consciência deste efeito, aproveitar as vantagens que ele traz e estarmos atentos para que este efeito não nos traga resultados negativos no nosso dia-a-dia.

 

Como Trabalhar com Colegas que Parecem Estar “SEMPRE” Stressados?

Todos nós conhecemos colegas que parecem estar constantemente stressados – que afirmam estar enterrados em trabalho, sobrecarregados com projetos e sem um minuto de sobra, certo?

E na grande maioria das vezes, esses colegas tornam o ambiente de trabalho mais difícil, certo?

Pois é, mas como na grande maioria das vezes não podemos escolher os colegas e temos que trabalhar com eles à mesma, seguem algumas estratégias para lidares com os teus colegas, (vamos chamar-lhes de Colegas Em Stress – CES), ajudando-os a diminuírem a carga cognitiva e a te protegeres do contágio emocional tóxico.

Mas antes, importa primeiro perceber que o stress faz parte do dia-a-dia e que a capacidade de resistência/tolerância varia de pessoa para pessoa. Para certas pessoas, por variadas razões, o seu comportamento em stress torna-se o padrão habitual de comportamento. No entanto, não podemos encarar esses colegas como uns vilões ou simplesmente ignorá-los.

 

Deixamos aqui algumas estratégias para que possas utilizar.

Estratégia #1 – Não Julgues

Tal como já mencionado, a resistência/tolerância ao stress varia de pessoa para pessoa. O que é stress de nível elevado para ti, pode ser estimulante para outra pessoa. E, por essa razão, considerar a forma como a outra pessoa lida com o stress como “inadequada”, apenas gera tensão no ambiente de trabalho, principalmente quando associamos essa disposição a uma falha de caráter, em vez de vermos isso como uma caraterística.

 

Estratégia #2 – Reconhece a Causa do Stress

É fundamental para o CES sentir-se “visto e ouvido” no local de trabalho. Então, podes começar por reconhecer esse facto, dizendo algo como “Tenho notado que tens ficado até mais tarde a trabalhar nos últimos dias. Como é que vão as coisas?” e mesmo que o colega volte a discursar sobre todos os problemas e pressões que tu já sabes de cor, tenta reconhecer o que ele está a passar, dizendo algo como: “Não deve ser nada fácil”.

Não importa se tu achas que é fácil ou difícil, isto não é sobre ti. Para o CES não está a ser fácil e é isso que precisas validar. Ao reconheceres o esforço do CES e validares as suas fontes de stress, dá-te proximidade para ires mais longe na tua ajuda.

Atenção! Não deves “ativar” o CES com comentários do tipo “Não sei como tu aguentas isto!”, “Estão a abusar de ti!”. Isso não ajuda, porque estás a aumentar a carga cognitiva do CES. Se tiveres que fazer algum comentário para reforçar a validação tenta usar comentários neutros “Estás responsável por muitas coisas ao mesmo tempo”.

 

Estratégia #3 – Oferece Louvor

Uma das melhores maneiras de tirar o CES do modo luta ou fuga, é oferecendo-lhe um elogio.

Quando as pessoas sentem stress elevado, o sentimento de dúvida sobre a sua competência para desempenhar uma dada tarefa é igualmente elevado. Uma forma de ajudar o CES a recuperar a sua autoconfiança e controlo sobre a situação, é relembrando-lhe as suas conquistas, competência e pontos fortes. Mas para isto funcionar, deves referir algo específico que tenha acontecido, em vez de algo genérico.

Elogiar o desempenho de alguém no local de trabalho, de forma genuína e bem-intencionada, é uma intervenção poderosa na autoimagem dessa pessoa. Quando nós dizemos às pessoas como nós as vemos, elas aceitam e abraçam esse papel com mais facilidade.

 

Estratégia #4 – Oferece a Tua Ajuda/Perspetiva

Oferecer a nossa ajuda é sempre uma boa estratégia, mas deve ser usada com cuidado.

Nem sempre conseguimos ser grande ajuda, quando oferecemos ajuda, mas o simples ato de perguntar se podemos ajudar, muda o foco da outra pessoa para a busca de soluções e sente-se que não está por conta própria.

O ato do CES em decidir que não precisa de ajuda, dá-lhe maior ideia de controlo sobre as tarefas que tem por fazer, diminuindo a carga cognitiva.

No entanto, convém que o CES perceba que a tua oferta de ajuda é limitada e destina-se àquele momento e que não é um convite geral que pode ser usado a qualquer hora. A mensagem deve ser do género “Sou um recurso limitado e há coisas que não estou a par, mas quero ajudar-te se não conseguires dar conta de tudo”.

 

Estratégia #5 – Divide as Tarefas em Pequenas Partes

Ao lidar com um CES, é de extrema importância ajudá-los a reduzir a carga cognitiva, não através da perpetuação do facto de estarem sobrecarregados, mas sim dividindo as tarefas em partes mais fáceis de gerir.

Por exemplo, caso tenhas que passar trabalho a um CES, em vez de enviares um e-mail com toda a informação e todas as tarefas necessárias, envia a informação por etapas ou ajuda o colega a dividir as grandes tarefas, em tarefas mais pequenas, organizadas por prioridades, e mais fáceis de gerir.

O objetivo é tirar partido da capacidade de trabalho do colega e para isso é preciso reconciliar diferentes formas de trabalho ou transmitir práticas que podem ser úteis em momentos-chave.

 

Estratégia #6 – Ajuda-o a Refletir

Se a ansiedade do teu CES parecer estar a influenciar a sua capacidade de concentração (e estás genuinamente preocupado com o bem-estar dele), então ajuda-o a refletir sobre a sua situação.

Numa escala de 1 a 10, pergunta-lhe como ele se sente em termos de stress em relação a uma tarefa especifica. Para além de o obrigar a refletir e isso ajudar a baixar a intensidade do que sente, pode também ajudar a que fale sobre o que lhe está a causar stress e assim desconstruírem o objeto de stress.

O bom de pedir para ele refletir na situação, é que muitas vezes percebemos que as verdadeiras razões poderão não estar relacionadas com o trabalho, mas sim com um problema pessoal. O desabafo do problema diminui a tensão sentido pelo CES e o ato de compreender o comportamento/reação do colega faz diminuir a tensão e o impacto que a postura dele causa em nós.

 

Estratégia #7 – Distanciamento Físico/Psicológico

Apesar de querermos muito ajudar um CES, temos que estar atentos à nossa autoconsciência para percebermos o efeito que esse colega está a ter em nós.

Importa relembrar que as emoções são contagiantes e podem ser tóxicas e drenarem-nos. Caso estejas junto de um CES que te contagie com emoções tóxicas e que te drenam, é necessário criares algum distanciamento e limitares as tuas interações com essa pessoa.

Nem sempre é fácil, principalmente se estão juntos nos mesmos projetos ou até na mesma ilha de trabalho. Mas uma coisa é certa, em tudo há um lado negativo e um lado positivo. Procura o lado positivo da situação em que estás envolvido e foca-te nesse ponto.

 

Resumidamente

A fazer:

  • Oferece suporte emocional perguntando se há algo que podes ajudar. Oferece também a tua perspetiva de como te organizarias se estivesses no lugar dele;
  • Melhora a autoimagem profissional do teu colega relembrando-o das suas conquistas, competências e pontos fortes em momentos específicos;
  • Pensa em formas de diminuir a carga cognitiva do teu colega, como por exemplo, dividindo o trabalho em pequenas tarefas mais facilmente geríveis.

 

O que não fazer:

  • O teu colega pode expressar stress de forma diferente da tua, mas isso não se traduz numa falha de caráter;
  • “Espicaçar” a pessoa. Deves reconhecer o stress, mas não deves ativar essa carga cognitiva no teu colega;
  • Pensar em como mudar essa pessoa. Pensa sim em ajudá-lo a desconstruir as fontes de stress e em como o farias se fosse contigo.
  • Permitir que sejas “sugado” pela carga tóxica e drenante do teu colega.

 

Tradução adaptada de https://hbr.org/2017/08/how-to-work-with-someone-whos-always-stressed-out?fbclid=IwAR2wMHvC6GMEryzX5USdhY11x18TideeSq4r-bXe45Uds1O5sfiHiwIbouE

#3 Desafio 2019 – Exercício Físico

Chegamos ao terceiro mês do ano, tempo de lançar o nosso 3º desafio, de forma a treinarmos e aumentarmos a nossa Inteligência Emocional!

Que desafios lançamos nos dois meses anteriores?

O terceiro desafio que lançamos não incide diretamente sobre uma competência da Inteligência Emocional, mas é algo que ajuda a termos melhores recursos cognitivos, emocionais e físicos, potenciando esta competência. Estamos a falar do Exercício Físico.

Sim, o exercício físico é falado transversalmente e ouvimos diariamente a necessidade de fazermos algum tipo de desporto. Mas mesmo assim, muitos de nós não praticam o exercício físico necessário para levar um estilo de vida minimamente saudável. Neste desafio queremos realçar a importância da ligação entre o exercício físico e a Inteligência Emocional.

Os indivíduos com uma elevada Inteligência Emocional são melhores a resistir a emoções intensas, a lidar com a frustração e a conseguir atingir objetivos a longo prazo. Aderir a uma prática desportiva requer regularmos a nossa frustração e a manter a nossa motivação, pelo que ao aumentarmos a prática regular de exercício físico, também desenvolvemos a nossa Inteligência Emocional e vice-versa.

No meu livro “Inteligência Emocional – uma abordagem prática“, falo do exercício físico como uma das 54 técnicas abordadas ao longo do livro, nomeadamente dentro da categoria do Autocontrolo. Um dos motivos deve-se ao facto que a prática de desporto ajuda a reduzir as preocupações.

O exercício aumenta o fluxo sanguíneo no cérebro, sendo que este aumento de fluxo serve para prover o cérebro dos nutrientes de que precisa. Com isso, também esfria o sistema límbico, reduzindo a sua atividade e consequentemente reduzindo os pensamentos mais preocupantes que temos. O aumento do fluxo sanguíneo no cérebro também está associado a muitos aspetos da saúde mental e pode beneficiar os níveis de neurotransmissores bem como o funcionamento geral de várias partes do cérebro. Os terapeutas estão a começar a compreender que o exercício é tão importante para a recuperação de doenças mentais como outros tipos de intervenção (Penedo & Dahn, 2005).

E quanto exercício físico devemos fazer? A American College of Sports Medicine’s recomenda que a atividade física inclua pelo menos 150 minutos de exercício aeróbico moderado por semana, sendo que estes 150 minutos podem ser configurados da forma que nos for mais favorável. Podem ser 30m por dia, durante 5 dias, como 45m intercalados.

A grande pergunta é sempre: como começar? Queremos deixar duas dicas muito importantes para iniciares a prática de exercício físico e experienciares os seus enormes benefícios.

  1. Traça um plano com objetivos realísticos: começa um plano com passos fáceis e rápidos para seguir. Depois vai reajustando o plano ao longo da tua evolução e capacidade física. Um grande erro é começar logo de forma intensa e longa.
  2. Transforma a prática num hábito: em vez de tornares a prática aleatória, cumpre um plano onde tenhas dias e tempos específicos para a tua prática. Ao tornares a prática de exercício físico um hábito, automatizas mais facilmente o processo e aumentas a probabilidade de sucesso.

 

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Referências bibliográficas

Penedo, F. J. & Dahn, J. R., 2005. Exercise and well-being: A review of mental and physical health benefits associated with physical activity. Current Opinion in Psychiatry, Volume 18, pp. 189-193.

 

#12 Desafio 2018 – Otimismo

Chegamos a Dezembro e ao último desafio de 2018!

Ao longo do ano, treinamos várias categorias que desenvolvem a nossa Inteligência Emocional. Vamos terminar o nosso treino, desenvolvendo competências referentes ao Otimismo.

Vamos recordar os desafios mensais dos últimos 11 meses do ano:

O termo “otimismo” abrange dois conceitos próximos e correlacionados: a inclinação para a esperança e a tendência para acreditar que vivemos no melhor dos mundos possíveis. Em suma, é a tendência de olhar para o futuro com uma perspetiva positiva.

A pesquisa feita sobre este tema, mostra correlações positivas entre o otimismo e o bem-estar físico e psicológico. Os indivíduos otimistas tendem a ter mais atitudes protetivas, são mais resilientes ao stress e tendem a utilizar estratégias mais eficazes para lidar com as adversidades e com o stress (Conversano et al., 2010).

Mesmo perante cenários muito adversos, o otimismo parece gerar efeitos positivos na forma como lidamos com as situações. Van der Velden et al. (2007), estudou a ligação entre o otimismo e a depressão em vítimas de desastre naturais. Os resultados desta pesquisa mostraram que, comparados com os otimistas, os pessimistas nutrem pouca esperança para o futuro e possuem um maior risco de distúrbios depressivos e ansiosos, prejudicando o funcionamento social e a sua qualidade de vida.

Embora exista uma variabilidade individual em cada um de nós, existindo pessoas, que por via de traços próprios e de experiências de vida precoces, tendem a ter um otimismo ou um pessimismo maior, esta competência pode ser desenvolvida.

Uma das formas de treinarmos o otimismo, é mudarmos a forma como respondemos aos eventos negativos. Para o desafio deste mês, cada vez que algo negativo acontecer, evita o pensamento catastrófico (e.g., “isto acontece sempre comigo”, “hoje o dia vai correr mal”). Muda o pensamento e verbaliza o que ocorreu de forma específica e orientada para a ação (e.g., “aconteceu agora esta situação, da próxima vou ter mais atenção neste ponto”, “esta situação não correu da melhor forma, vou analisar o motivo para melhorar da próxima vez”).

 

Referências bibliográficas

Conversano, C., Rotondo, A., Lensi, E., Della Vista, O., Arpone, F., & Reda, M. A. (2010). Optimism and its impact on mental and physical well-being. Clinical Practice and Epidemiology in Mental Health, 6, Article ID 25-29. http://dx.doi.org/10.2174/1745017901006010025
Van der Velden PG, Kleber RJ, Fournier M, Grievink L, Drogendijk A, Gersons BP. (2007). The association between dispositional optimism and mental health problems among disaster victims and a comparison group: a prospective study. J Affect Disord. 102(1-3):35–45.

#11 Desafio 2018 – Relacionamentos Interpessoais

Chegamos a Novembro, o 11º mês do ano e o 11º desafio do ano!

Em Outubro estivemos a treinar a categoria de Inteligência Emocional, “Expressão Emocional”. Este mês a categoria vai ser sobre “Relacionamentos Interpessoais“.

Vamos recordar os desafios mensais dos últimos 10 meses:

A qualidade dos nossos relacionamentos interpessoais são de extrema importância para a nossa saúde, bem-estar psicológico e bem-estar físico.

Se tivermos más relacionamentos, os nossos processos psicológicos resultantes dessas experiências podem prejudicar o nosso sistema imunitário, aftetar o nosso sistema cardiovascular e aumentar o rico de depressão (Graham, Christian, & Kiecolt-Glaser, 2006). Por outro lado, as relações positivas estão mais associadas com processos positivos que nos fazem experienciar um elevado bem-estar. O suporte social tem sido estudado por vários investigadores e mostram que providenciam um recurso para lidar com o stress que experienciamos no dia-a-dia, que prejudica a nossa saúde e bem-estar (Thoits, 2010).

Das investigações que têm sido feitas, muitas centram-se nos relacionamentos amorosos e conjugais. Estar casado, especialmente casado e feliz, está associado com uma saúde física e mental maior (Carr & Springer, 2010) e a força do efeito matrimonial na saúde, é comparado a outros fatores de risco tradicionais como fumar ou a obesidade (Sbarra, 2009).

Mas não são só os relacionamentos amorosos que afetam a nossa saúde. Os relacionamentos familiares, profissionais e de amizade, todos eles impactam a nossa saúde, e o nosso bem-estar físico e psicológico. Então, é de extrema importância, melhorarmos a qualidade dos nossos relacionamentos interpessoais. Mais do que quantidade, na fase adulta da vida, o maior impacto está na qualidade das nossas relações. O psiquiatra Robert Waldinger descreveu alguns segredos para a felicidade num discurso que deu no TED. Disse que as três lições-chaves para a felicidade são: relações pessoais próximas, qualidade das relações (e não quantidade) e casamentos estáveis e compreensivos.

Ao não trabalharmos os nossos relacionamentos, caminhamos em direção à solidão, e isso tem consequências devastadoras para a nossa saúde. Psicólogos como John Cacioppo e Sheldon Cohen, têm vindo a mostrar que as pessoas que se sentem só, tendem a ter um maior risco de mortalidade, infecções, depressão e declínio cognitivo. É importante dar nota que este efeito tem vindo a ser verificado nas pessoas que reportam sentirem-se sós e não tanto nas pessoas mais isoladas socialmente. Embora este efeito não se tenha verificado tanto naquelas que estão isoladas socialmente, mas não se sentem só, termos relações saudáveis, tende a aumentar o nosso bem-estar físico e psicológico.

Durante este mês, quando tiveres conversas ou discussões em que exista um conflito de pontos de vista, tenta entender o outro lado antes de tentares ser compreendido. Quando ouvimos algo que percecionamos como um ataque ou crítica, faz com que nos queiramos defender automaticamente, não ouvindo corretamente o outro lado, perdendo a oportunidade de entendê-lo. Durante este mês, tenta entender primeiro o outro lado, antes de tentares explicar o teu.

 

 

Referências bibliográficas

Carr D., & Springer K. W. (2010). Advances in families and health research in the 21st centuryJournal of Marriage and Family72, 743–761. doi:10.1111/j.1741-3737.2010.00728.

Graham J. E., Christian L. M., & Kiecolt-Glaser J. K. (2006). Marriage, health, and immune function: A review of key findings and the role of depression. In Beach S. & Wamboldt M. (Eds.), Relational processes in mental health, Vol. 11. Arlington, VA: American Psychiatric Publishing, Inc.

Sbarra, D. A. (2009). Marriage protects men from clinically meaningful elevations in C-reactive protein: results from the National Social Life, Health, and Aging Project (NSHAP). Psychosomatic medicine71(8), 828-35.

Thoits, P. A. (2010). Stress and Health: Major Findings and Policy Implications. Journal of Health and Social Behavior51(1_suppl), S41–S53. https://doi.org/10.1177/0022146510383499

 

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