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A incerteza no mundo empresarial

Ser empreendedor, significa que diariamente irá lidar com situações incertas e com desafios imprevisíveis.

Este fator do desconhecimento e da incerteza sobre o futuro, é sem dúvida um fator que trava muitas ideias, muitos projetos e muitos empreendedores. Vamos tentar perceber um pouco melhor como é que a incerteza pode-nos afetar e o que podemos fazer com isso.

 

Imagine que lhe eram propostas as seguintes opções:

1. Levar um choque elétrico daqui a 10 minutos;

2. Não levar um choque elétrico;

3. Pode levar, ou não, um choque elétrico e não sabia quando lhe iriam dar o choque (caso levasse).

Qual das opções gera mais desconforto?

Embora a primeira opção tenha 100% de hipóteses de acontecer e que ninguém quer, ficamos mais desconfortáveis com a terceira opção. Não parece muito racional, pois temos menos hipóteses de receber um choque na terceira opção, mas mesmo assim é aquela que gostamos menos.

Jeff Hawking, autor do livro “On Intelligence”, escreve que o nosso cérebro recebe padrões do mundo exterior, guarda-os na forma de memórias e faz previsões, combinando com aquilo que viu antes e com o que está a acontecer no momento. Isso significa que a previsão é uma das funções principais do cérebro. E se a previsão é algo que o nosso cérebro faz recorrentemente, então significa que quando não tem informação suficiente para fazer previsões, começamos a experienciar desconforto psicológico e o medo entra em ação.

Um dos maiores medos dos empreendedores é o medo de falhar. O nosso cérebro fica mergulhado na incerteza e começa a experienciar a probabilidade de falhar e de não conseguir alcançar os objetivos. Gabriella Cacciotti, da Universidade de Warwick, fez um estudo sobre o medo e o empreendedorismo e verificou que o medo é uma enorme barreira psicológica para os empreendedores.

Então, os empreendedores têm uma tarefa herculana, que é diariamente lutarem contra o que o seu próprio cérebro quer, que é um futuro com certezas. Embora esta possa parecer uma batalha inglória e sem forma de vencer, podemos utilizar estes mecanismos do nosso cérebro a nosso favor, se utilizarmos e desenvolvermos a nossa inteligência emocional.

A inteligência emocional é a capacidade de reconhecermos os nossos estados emocionais e geri-los, bem como entender os estados emocionais dos outros e conseguirmos relacionarmo-nos com as outras pessoas. Esta área tem tido um crescimento imenso, dada a sua importância.

O Fórum Económico Mundial, que tende a reunir grandes líderes empresariais e políticos, para discussão de temas de grande interesse para a sociedade, projetou as competências que consideram ser necessárias para prosperarmos na quarta revolução industrial, tendo colocado a inteligência emocional no TOP10 (6º lugar).

E como é que podemos utilizar a inteligência emocional nesta situação? Através de 2 estratégias:

1. Entender a influência dos nossos estados emocionais

Um dos passos muito importantes é utilizar a nossa autoconsciência emocional. A autoconsciência foca-se em entender que estados emocionais estamos a experienciar e que esses estados impactam o nosso processamento cognitivo. Por exemplo, imaginemos que um empreendedor tem uma nova ideia e começa a ter dúvidas sobre o projeto e pensa que pode falhar. Se o empreendedor parar um momento e refletir sobre o seu estado emocional, provavelmente notará que está a sentir medo. O medo não é um traço, mas sim um estado temporário, e neste caso, possivelmente gerado pela incerteza. Quando estamos com medo, o nosso cérebro foca-se nos nossos receios e tem maior dificuldade em analisar de forma racional a situação, ficando mais motivado a afastar-nos daquilo que nos mete medo. No entanto, quando ganhamos consciência do que estamos a sentir e que os nossos pensamentos não são “verdadeiros”, mas são gerados pelo nosso estado emocional, conseguimos ganhar uma maior clareza sobre o assunto e reduzir o medo que estamos a sentir. Ou seja, um empreendedor consegue mais facilmente entender que as ideias negativas que está a ter sobre o seu projeto, não se deve ao projeto em si, mas ao facto de estar a experienciar medo. E com esta tomada de consciência, podemos dar passos mais objetivos e contornar este estado emocional. E se não o conseguirmos no momento, pelo menos entendemos que não estamos no melhor estado para analisar a situação, evitando tomar decisões precipitadas ou tirar ilações erradas.

2. Utilizar os nossos estados emocionais a nosso favor

Não existem boas ou más emoções. Todas as emoções têm uma função adaptativa, no entanto, podem-se tornar disfuncionais, caso não tenhamos consciência do impacto que elas estão a ter em nós. O medo não foge à exceção. Ele pode ser paralisante, mas também nos dá energia que podemos utilizar a nosso favor. Como o medo realça a distância de onde estamos até onde queremos chegar, podemos utilizar esse fator para aumentar a nossa preparação. Podemos rever os planos, procurar mais informação e dividir o nosso plano em várias metas mais pequenas, reduzindo a incerteza. O medo consegue-nos fazer ver que existem coisas que estão em falta, recursos que estão em falta e que precisamos de arranjar. Conseguimos, portanto, melhorar o nosso projeto e gerar mais ideias. Imagine que podia anular completamente o medo da sua vida. Se isso acontecesse, muitos dos seus planos iriam falhar, porque não se preparava minimamente, não tinha qualquer aversão ao risco e não refletia sobre os seus projetos.

O mundo está cheio de incerteza e o empreendedorismo aumenta essa mesma incerteza. Mas embora o nosso cérebro não esteja programado para reagir bem à incerteza, não significa que esse seja um fator negativo.

Se utilizarmos a inteligência emocional a nosso favor, podemos utilizar essa forma de funcionamento do nosso cérebro de forma benéfica, conseguindo melhores resultados.

És apaixonado pela Performance, mas essa paixão tira-te o foco das pessoas? Tenta esta abordagem

Existem pessoas apaixonadas por manterem uma performance ao mais alto nível! Pessoas com uma energia fenomenal e com ideias efervescentes focadas continuadamente em melhorias.

E sendo estas caraterísticas excelentes e bastante procuradas no mundo empresarial, por vezes, parece gerar stress e alguma resistência nas equipas com quem essas pessoas trabalham.

E por que motivo isso acontece?

Pessoas apaixonadas pela sua performance são altamente focadas em tarefas. Na cabeça delas fervilham objetivos, atividades e listas de “to-do”. Basicamente, é como se essas pessoas estivessem montadas numa Harley-Davidson e andassem na autoestrada a toda a velocidade, ao ponto de deixarem de reparar na sinalização e marcas rodoviárias.

Ou seja, existem momentos em que toda essa energia deixa de estar focada na equipa, isto é, num grupo de pessoas reunidas para a mesma tarefa ou ação, pecando no reconhecimento de como os restantes membros se estão a sentir, nomeadamente em termos de stress, ansiedade, cansaço ou falta de engagement.

Quando isto acontece é altura de rebalancear o foco e tentar melhorar a capacidade de conectar com o ambiente emocional da equipa e tentar perceber como criar uma cultura organizacional que ajude a inteligência emocional prosperar.

Se és ou conheces uma dessas pessoas, vamos mostrar-te a abordagem EAR que pode ajudar a restabelecer o foco. Esta abordagem deve ser utilizada por todas as pessoas, não só por aquelas que têm menos foco nas pessoas e na equipa.

Abordagem EAR

  • Engage: sintonizar a 100% com o que se passa com os membros da equipa. Focar só neles, como um detetive de inteligência emocional! Tentar perceber se há alterações de respiração, da própria aparência e postura corporal. Ter atenção ao tom de voz das pessoas, ao ritmo, volume, entoação e hesitação. E, acima de tudo, procurar ter atenção a como as pessoas se sentem;
  • Aceitar: aceitar as emoções e procurar compreende-las. E, acima de tudo, procurar compreender as emoções dos outros, esquecendo o que é certo e o que é errado. Procurar resistir à tentação de reagir, interpretar ou culpar. Procurar compreender ao em vez de julgar;
  • Responder: comunicar compreensão. Sabias que, quando uma pessoa sente conforto por os seus sentimentos serem compreendidos, a pressão sanguínea baixa, promovendo um alivio da ansiedade e stress? É fundamental investir algum tempo em perceber como é a melhor forma de dinamizar a compreensão genuína pelos diferentes momentos da equipa, quer de forma individual e coletiva.

 

E porque motivo tudo isto é importante?

As emoções são contagiosas e toda a gente olha para quem está hierarquicamente em cima. Se essa pessoa estiver “de humores” isso vai afetar o dia de trabalho de toda a equipa. Quantas vezes não ouvimos dizer ou nós próprios dizemos “hoje não é um bom dia para tratar desse assunto com ele/a, talvez amanhã…”. E quando isto é recorrente deixa marcas na forma como gerimos as nossas relações profissionais, porque passamos a evitar essa pessoa no futuro… é um mecanismo de autoproteção do cérebro.

O nosso cérebro vive de reconhecer padrões e quando ocorre uma falha nesse padrão – uma explosão emocional – o cérebro é constantemente distraído para esse erro.

E qual a consequência? O cérebro tem menos energia disponível para concentrar-se em tarefas de trabalho e tornamo-nos menos capazes de resolver problemas complexos e começamos a cometer erros em coisas simples. A frustração e o sentimento de insegurança em nós aumenta e acabamos por passar a desempenhar tarefas abaixo do nível ótimo para não nos comprometermos.

E isto é um círculo vicioso que condena a produtividade, performance e o engagement de qualquer empresa.

A concentração na criação de um ambiente em que os colaboradores experienciem uma cultura organizacional emocional como recompensadora ajudará a fomentar a partilha, a confiança entre a equipa, incentivará a comportamentos de risco saudável e maximizará a aprendizagem.

Vamos começar a treinar a abordagem EAR?

 

Inspirado e adaptado de

https://www.trainingzone.co.uk/lead/strategy/emotional-intelligence-the-ear-approach

Sentes que não és valorizado no teu local de trabalho, mas gostas do que fazes?

Se não te sentes valorizado no teu local de trabalho, antes de pensares em mudar de emprego, tenta estas 5 abordagens. Não tens a nada a perder, certo?

Em primeiro lugar, não há nada pior do que uma pessoa sentir que a sua presença é indiferente no local de trabalho. Todos os seres humanos necessitam de sentir apreço pelos seus esforços e quando não sentem, instala-se um sentimento de não pertença. Por isso, não ignores o que sentes, analisa!

  1. Sê Realista

Antes de colocares em prática qualquer ação, usa a tua autoconsciência emocional para analisares se estás a ser realista quanto à quantidade de apreciação que esperas do/a teu/tua chefe, colegas, pares ou mesmo clientes. Isto porque, cada vez mais as pessoas andam ocupadas e acabam por dar menos feedback do que seria (deveria ser) suposto.

Faz uma prova dos nove e questiona-te sobre os seguintes pontos:

  • O meu trabalho foi extraordinário?
  • O meu trabalho foi consideravelmente superior aos que os meus pares tipicamente fazem?
  • Se eu tivesse que pedir crédito pelo resultado deste trabalho, faria “figura triste”?

Caso não consigas responder a estas perguntas, recomendamos que procures a opinião de alguém do teu local de trabalho, da tua confiança e de preferência mais sénior que tu.

  1. Fala com o/a Chefe

Se geres uma equipa de trabalho, faz parte da tua função identificar e mencionar o que o teu grupo de trabalho faz e como ele é importante. Isto porque, na confusão do dia-a-dia, por vezes os nossos superiores hierárquicos, colegas ou clientes não fazem a mínima ideia do esforço e dedicação que são necessários para elaborar e coordenar certas tarefas e/ou materiais de trabalho. Por isso, necessitam de ser (re)lembradas, mas de forma casual.

Qualquer apresentação ou relatório feito ou objetivos atingidos deve-se sempre mencionar o nome das pessoas (ou a equipa) responsáveis pela concretização dos mesmos. O objetivo é que o resultado do esforço coletivo ou individual não passe despercebido e que não seja escondido. E não tenhas medo de dar crédito à tua liderança. Às vezes, queremos ser tão inclusivos e somos tão receosos de falarmos sobre aquilo que em somos bons, que acabamos por deixar passar oportunidades. A assertividade é uma ferramenta poderosa.

Por exemplo, “Eu consegui que as metas X e Y fossem cumpridas e não as conseguiria ter feito sem o suporte das pessoas/da equipa A e B pelo qual estou grato/a.”

  1. Reconhece a contribuição dos outros

Uma estratégia para que reconheçam o teu trabalho é reconheceres o trabalho dos outros. É um paradoxo, mas funciona. Ao ser uma pessoa que aprecia e nota que o trabalho dos outros está bem feito, expressando-o, tornas-te num agente de mudança na cultura organizacional da tua empresa. Isto porque, as pessoas que se sentem apreciadas por ti, passem igualmente a apreciar o teu trabalho e a expressarem-no de igual forma. E isso cria igualmente uma sensação de união e otimismo que melhorará as relações interpessoais.

  1. Valoriza-te

Atenção! Ser valorizado pelos outros é fantástico, mas não podemos esperar que toda a nossa motivação venha de honras, elogios e gratidão pública. Aspetos motivadores intrínsecos são muito mais poderosos! Se tiveres possibilidade, mete uns dias de férias e reflete sobre a importância do trabalho para ti e procura quais os aspetos da tua vida que são realmente importantes para ti e qual o significado de cada um desses aspetos.

É cliché, mas é verdade. O verdadeiro reconhecimento vem de dentro. Se não valorizas o que fazes, não há elogio no mundo que preencha esse vazio. A autoestima nunca pode ser esquecida!

Ao fim de cada semana de trabalho reflete sobre o que correu bem e o que não correu tão bem e não caias no abismo de focares apenas na parte que não correu tão bem. Cataloga as vitórias!

  1. Considera seguir em frente

Se tentaste tudo isto (tentar mesmo!) e continuas a não te sentir apreciado no teu local de trabalho, isso pode ser um sinal que, mesmo que sejas a pessoa certa para aquela empresa, aquela empresa não é a melhor para ti.  A maioria de nós mantém-se num emprego que não é perfeito por múltiplas razões e muitas são válidas. Mas se realmente queres uma nova experiência e sentes que é a única alternativa, então procura uma nova oportunidade. Mas fá-lo com calma e com critério!

 

O mais importante de tudo, caso não sejas tu quem se sente invisível no local de trabalho, mas sabes que tens pessoas que trabalham contigo ou para ti que se sentem assim, não te podes esquecer que há pessoas que necessitam de ser mais validadas que outras. E a motivação começa tendo a atitude correta!

E se queremos que as pessoas deem sempre “a milha extra” e que “vistam a camisola”, porque não criar pequenos comportamentos, tais como o feedback construtivo, que façam as pessoas sentirem-se valorizadas e acompanhadas junto das suas hierarquias, pares e clientes?

Faz esta pergunta final “Quem na minha equipa ou do meu ambiente de trabalho necessita agora mais validação e valorização?”

 

 

Inspiração: https://enterprisersproject.com/sites/default/files/feel_valued_at_work.pdf

#4 Desafio 2018 – Resiliência

Chegamos ao mês de Abril e é tempo de lançarmos o nosso 4º desafio mensal para desenvolver a nossa Inteligência Emocional!

Os outros três desafios mensais, foram os seguintes:

Este mês o desafio é sobre a Resiliência, uma categoria que trabalhamos no treino da Inteligência Emocional. 

A Resiliência é a capacidade de um indivíduo se adaptar perante uma situação adversa. Em vez de se deixarem ir abaixo perante os obstáculos que a vida lhes joga, as pessoas com uma maior resiliência conseguem recuperar e voltar mais fortes do que antes. Os psicólogos têm vindo a estudar este tema há várias décadas, não existindo uma única definição ou um único factor que envolve a Resiliência. No entanto, as pessoas que têm uma atitude mais positiva perante a vida, são mais otimistas, regulam melhor as suas emoções e olham para o falhanço como uma forma de feedback em vez como uma derrota final, tendem a apresentar uma maior resiliência.

Joshua J. Marine disse “Os desafios são o que fazem a vida interessante; ultrapassá-los é o que dá significado à vida.”. Esta é uma visão de alguém resiliente. Quando somos confrontados com um problema, a maioria das pessoas olha para o problema como um ataque a elas, como algo que está a impedi-las de avançar e de conseguirem o que querem. Esta mentalidade dá mais intensidade ao problema e prejudica o seu progresso, enfraquecendo a sua resiliência.

Vamos imaginar que uma pessoa no seu emprego recebe uma crítica do seu chefe sobre o seu desempenho. Se essa pessoa olhar para a crítica como uma problema, como uma crise, então vai sentir raiva do seu chefe e pode prejudicar o esforço necessário à melhoria do trabalho. Se, por outro lado, analisar a crítica e ver em como pode melhorar e ultrapassar, vai gerar um estado de maior energia e motivação, que vai ser empregue na melhoria do seu trabalho, saindo mais forte dessa situação. A nossa interpretação da situação vai invariavelmente afetar o nosso comportamento e consequentemente, o nosso resultado.

Com isto em mente, vamos lançar o desafio do mês de Abril!

O nosso dia-a-dia encontra-se repleto de situações com uma carga emocional mais elevada. No entanto, a mesma situação pode ser encarada como uma crise para um indivíduo ou como um desafio para outro indivíduo. Diferentes interpretações, geram diferentes respostas emocionais, que geram diferentes comportamentos.

Durante esta semana, quando te deparares com uma situação mais adversa, pensa nos seguintes pontos:

  • Eu estou a interpretar esta situação como uma crise ou como um desafio?
  • O que é que posso fazer para influenciar esta situação?

Bom treino!

 

 

O Problema com os Problemas

“Foca 90% do teu tempo em soluções e apenas 10% do teu tempo em problemas.” 

Anthony J. D’Angelo

Durante a corrida ao espaço entre os Estados Unidos da América e a Rússia, reza a história que existiu um problema com o facto dos astronautas não conseguirem escrever no espaço utilizando canetas, pois a tinta não funcionava num ambiente sem gravidade. A NASA focou-se no problema da tinta e investiu vários anos e milhões de dólares, até conseguir uma caneta que funcionava num ambiente sem gravidade e em qualquer superfície. A Rússia, por outro lado, focou-se na solução e substituiu a caneta por um lápis.

Esta história tem muitas versões e alguns consideram um mito, mas a mensagem implícita não deixa de ser importante: se nos focarmos apenas no problema, vamos tirar foco à solução, prejudicando o resultado final.

O problema com os problemas é que ficamos a pensar no problema e isso não nos ajuda a resolvê-lo. Quanto mais tempo passamos com o problema, menos tempo vamos pensar na solução.

Existe uma diferença entre focarmo-nos no problema ou focarmo-nos na solução. Primeiro, quando nos focamos na solução, preparamos o cérebro para receber informação relevante para o resultado que queremos, em vez de focarmo-nos na informação sobre o problema.

Vamos imaginar que saímos tarde de uma formação e precisamos de apanhar um táxi para ir para o aeroporto. Como já saímos tarde, o voo está próximo e podemos perdê-lo se não nos despacharmos. Se sairmos para a rua e pensarmos no problema (não chegar ao aeroporto a tempo), estamos a programar o nosso cérebro para procurar informação sobre o não chegar ao aeroporto, vendo mais coisas que nos incomodem e aumentando o nosso stress. Se, por outro lado, pensarmos na solução (apanhar um táxi), o nosso cérebro vai estar à procura de informação que nos ajude a apanhar um táxi. Vai detectar mais táxis na proximidade, pensar se existe ou não uma praça de táxis, pensar noutras soluções, como ligar para a central ou pedir a alguém da zona que nos indique onde podemos apanhar um táxi.

Outro problema em focarmo-nos no problema, é que muitas pessoas dizem que podem estar a pensar no problema e na solução em simultâneo, utilizando o multitasking. Mas, embora o multitasking seja um termo muito falado, vários estudos têm mostrado que o mesmo tende a ser ineficiente, a não ser em situações muito específicas. Isto acontece porque o nosso cérebro é monofocal e não multifocal. Ou seja, pode parecer que temos vários focos ativos ao mesmo tempo, mas o que temos é um foco a mudar rapidamente entre situações. Apenas em situações em que sejam feitas atividades que recorram a áreas diferentes, tais como mexer num objeto, enquanto pensamos noutra coisa, é que diferentes regiões cerebrais geram atividade em simultâneo. No entanto, mesmo nessas condições, o que os estudos imagiológicos têm vindo a demonstrar é que a área total das regiões cerebrais ativadas durante esse multitasking, é inferior às regiões cerebrais de cada atividade somada de forma individual. Então, nunca utilizamos os recursos em pleno dessa forma.

Isto significa que se estivermos focados no nosso problema, vamos ver menos a solução, aumentando o nosso problema.

Adicionalmente, quando nos focamos no problema, vamos estar a ativar emoções conectadas a esse problema, que vai gerar mais ruído no cérebro, impedindo-nos de dar a clareza cognitiva que precisamos. Se nos focarmos na solução, geramos uma resposta emocional mais propensa à ação, a queremos executar algo. É um estado de proximidade em vez de afastamento, fazendo com que aumente os níveis de dopamina, a hormona da motivação e que também nos ajuda na nossa aprendizagem.

Na vida pessoal e profissional, os problemas surgem normalmente. Mas se ficarmos a olhar para eles, perdemos a nossa capacidade de pensamento crítico e de procura de soluções. É necessário mudarmos o foco e concentrarmo-nos na solução. O nosso cérebro reage às palavras que dizemos, pelo que muitas pessoas optam por redefinir a palavra “problema” em “desafio”. Se dissermos “isto é um problema”, podemos verificar que reagimos automaticamente de forma diferente do que quando dizemos “isto é um desafio”. Nós gostamos de desafios, mas de problemas, nem tanto.

Então, para conseguirmos tomar melhores decisões e tornarmos-nos mais resilientes perante os problemas/desafios, devemos seguir os seguintes passos:

  1. Olhar para o problema/desafio para identificá-lo
  2. De seguida, mudar o foco na procura da solução. Desta forma, vamos ter um estado emocional muito mais benéfico  e o nosso cérebro vai estar ativamente à procura de informação no meio, que nos ajude a obter o resultado que queremos.

O Efeito do Meio na Nossa Genética

Há algumas décadas atrás, pensava-se que a genética determinava totalmente a nossa forma de ser, estar, a nossa personalidade e os resultados que iriamos ter na vida. Entretanto, surgiram outras correntes de pensamento que diziam que era o meio que ditava como nos iriamos tornar. Diziam que nascíamos como uma tábua rasa, uma tábua em branco, sem qualquer informação e que aprendíamos tudo com a nossa interação com o meio.

Esta luta de ideias deu historicamente o debate entre a genética e o meio. Só a partir de década de 90, com recurso a ferramentas imagiológicas que permitiram analisar a atividade do cérebro e com novos estudos experimentais, a resposta apareceu.

A genética tem um peso e influencia como nos iremos tornar. Mas, não determina. O meio em que estamos inseridos e as nossas experiências passadas têm um peso determinante no resultado da nossa vida.

O que a ciência descobriu recentemente é que a mera presença de um gene não é suficiente para determinar se iremos ter aquele traço ou não. Um gene também tem que ser ligado ou desligado. Estudos feitos têm vindo a mostrar que as experiências que temos podem ligar ou desligar genes. Ou seja, naquela dicotomia da genética contra o meio, verificamos que o meio pode agir sobre a genética.

Dependendo das experiências que uma criança tenha, a base genética da timidez ou agressão pode ou não ser manifestada. O nosso DNA é como uma coleção de música. Podemos ter músicas que não gostamos na nossa coleção, mas a música que ouvimos depende da música que é tocada.

 

No início de 1990, Michael Meaney, especialista em biologia e neurologia, descobriu algo muito interessante com ratos, que serviu de resposta para este debate da genética contra o meio.

Como os ratos neuróticos e ansiosos tinham filhos também neuróticos e ansiosos, pensava-se que a ansiedade e o neuroticismo eram genéticos, hereditários e fixos. E como os ratos calmos tinham filhos calmos, pensava-se que esse traço também era genético, hereditário e fixo. Mas Meaney, era céptico quanto a esta ideia e quis testá-la.

Meaney colocou os ratos fêmeas que eram ansiosos e neuróticos junto das crias de ratos calmos e colocou os ratos fêmeas que eram calmos junto das crias de ratos ansiosos e neuróticos.

Uma das grandes diferenças entre estas mães, é que aquelas que eram calmas, davam muito mais carinho às crias e lambiam-nas muito mais, como gesto de afeto e de reconforto, enquanto as mães ansiosas e neuróticas não faziam isso.

 

O que aconteceu foi que as crias de ratos neuróticos e ansiosos, mas que foram colocados junto de mães calmas, tornaram-se calmos e curiosos, explorando o meio à sua volta. Por outro lado, as crias de ratos calmos, mas que foram colocados junto de mães neuróticas e ansiosas, ficaram mais ansiosos, hipersensíveis a qualquer som ou gesto e com mais stress.

O que Meaney e os seus colegas descobriram foi que os genes eram expressos pelas experiências de vida iniciais.

O facto do meio influenciar a genética não acontece apenas com ratos. Meaney fez outro estudo, analisando amostras de 36 cérebros: 1/3 de pessoas que se tinham suicidado e sofrido abusos em crianças, 1/3 de pessoas que se suicidaram mas não foram abusadas e 1/3 de pessoas que não se suicidaram.

Ele descobriu que as pessoas que tinham sofrido abuso em crianças e que tiraram a sua vida, tinham o gene responsável pelo sistema de resposta ao stress, desligado, fazendo extremamente difícil de lidarem com as adversidades da vida. A atividade anormal no sistema de resposta ao stress tende a estar ligada ao suicídio. Com esta descoberta feita em 2009, Meaney completou a sua ideia. O abuso que as pessoas sofreram em crianças, ou seja, o efeito do meio, alterou a expressão de genes no cérebro, que prejudicou a capacidade de lidarem com a adversidade, levando a estas pessoas mais vulneráveis ao suicídio.

 

Embora possamos ter uma genética propensa à ansiedade, se formos criados num ambiente carinhoso, seguro, reconfortante e que nos dê ferramentas para lidar com a ansiedade, pode silenciar esse gene e prevenir que tenha um efeito no cérebro e no nosso comportamento.

Então Meaney mostrou que não podemos estar sempre a culpabilizar a nossa genética, a dizer que somos como somos, porque já o meu pai era. O meio influencia de forma determinante na forma como os nossos genes vão ser expressos.

No entanto, podemos ter sido criados numa situação em que o meio não foi o mais seguro e carinhoso. Então, será que isso significa que o nosso destino está traçado? Que a forma como somos criados em criança vai definir a nossa vida? Não. Embora tenha um peso muito forte, o nosso cérebro continua a formar novas ligações neurológicas ao longo da nossa vida, conseguindo então mudar padrões e processos de aprendizagem. A este processo dá-se o nome de neuroplasticidade.

Como tínhamos indicado no início deste artigo, o que devemos reter é que a genética influencia-nos, mas não determina o resultado da nossa vida. As experiências do nosso dia-a-dia, desde da infância e durante a fase adulta, vão ter um impacto muito forte em moldar a nossa forma estar no mundo e como vamos reagir às situações do dia-a-dia.

#3 Desafio 2018 – Exercício Físico

Chegamos ao mês de Março e é tempo de lançarmos o nosso 3º desafio mensal!

Os outros dois desafios foram os seguintes:

Este mês o desafio não é sobre uma categoria específica da  Inteligência Emocional, mas sobre algo que também impacta (e muito) a nossa capacidade de gerir emoções. O desafio deste mês é o Exercício Físico.

O exercício físico tem benefícios tremendos na nossa capacidade cognitiva, motora e bem-estar. O nosso foco e memória melhora com a prática de exercício físico. Na Holanda, estudantes que praticaram exercício físico aeróbico durante períodos diários de 20 minutos, melhoraram a sua capacidade de atenção.

Num estudo publicado no Journal of Alzheimer’s Disease, Ozioma Okonkwo, professor assistente de medicina na Universidade de  Wisconsin, seguiu 93 adultos que tinham pelo menos um familiar com a doença de Alzheimer, um gene ligado ao Alzheimer ou ambos. As pessoas no estudo que passaram no mínimo 68 minutos por dia fazendo exercício físico moderado, mostravam sinais de um cérebro mais saudável, comparado aos que não faziam exercício físico. Além de ajudar a prevenir doenças, Okonkwo também mostrou que as pessoas que praticam exercício físico, têm um maior volume cerebral em regiões associadas ao raciocínio e função executiva. Uma prova forte que a prática de exercício físico é um parceiro forte da Inteligência Emocional.

Para termos uma correta gestão das nossas emoções, precisamos de ter as nossas capacidades cognitivas com o melhor desempenho possível e a prática de exercício físico melhora essas capacidades.

O exercício físico pode ser aeróbico ou de resistência. Os estudos incidem mais sobre o exercício aeróbico, que é o que tende a apresentar melhores benefícios no geral. No entanto, os especialistas indicam que a mistura entre ambos é a melhor opção.

Existem várias formas de praticar exercício físico, desde caminhadas, natação, aulas em grupo, entre outras. Este mês, para facilitar este processo, recomendamos que analises o teu dia-a-dia e penses onde podes aumentar a prática de exercício físico, inserindo-a no teu quotidiano, sem requerer um esforço adicional. Se trabalhas ou vives num prédio, tenta utilizar mais as escadas. Se vais a pé para o trabalho, tenta um percurso alternativo maior. No almoço, dá uma caminhada após a refeição. Utiliza alternativas que te façam aumentar a atividade física em alguns minutos. Desta forma, fazemos uma mudança quase imperceptível mas conseguimos sentir alguns resultados.

Bom treino!

 

 

Quebrar o Ciclo de Stress e Distração com Inteligência Emocional

O foco ajuda-nos a sermos pessoas bem-sucedidas. Porém, o nosso foco e a atenção tendem a ser sequestrados com alguma regularidade, fazendo-nos sentir cansada/os, esquecida/os e incapazes de manter a concentração.

Quantos de nós já não pensámos para os nossos botões:

  • Sinto-me completamente sobrecarregada/o;
  • Sem ser trabalhar, nunca tenho tempo para mais nada;
  • Sinto-me exausta/o, física e mentalmente, e distraio-me constantemente no escritório.

Contudo, importa perceber se são apenas as distrações constantes e a falta de tempo que cortam o nosso foco ou se também podemos estar sob stress crónico.

O stress crónico inunda o nosso organismo com cortisol e adrenalina, que diminui as funções cognitivas importantes. Durante décadas foram realizados vários estudos onde demonstram os efeitos negativos do stress sobre o foco, memória e outras funções cognitivas.

Os resultados são consistentes – o stress de curto prazo eleva os níveis de cortisol (a chamada hormona do stress) por períodos curtos, que, por sua vez, nos ajuda a sentir motivada/os a realizar algo de forma mais eficiente e num curto espaço de tempo. Por sua vez, o stress prolongado pode levar a níveis elevados de cortisol no nosso organismo e isso pode ser tóxico para o cérebro.

Quando não nos conseguimos concentrar no trabalho, devido a distrações, isso pode-nos levar a sentir stress por não estarmos a ser produtiva/os, o que, simultaneamente, faz-nos reduzir o nosso foco, alimentando ainda mais o ciclo. O que maioria de nós não percebe é que o foco entra em declínio até ficar completamente sobrecarregado.

Quando o esgotamento mental e emocional inicia o seu processo, drena a nossa capacidade de foco, concentração e capacidade de recuperação de informações.

Mas então porque motivo algumas pessoas se sentem afetadas e outras não?

Um grande motivo é devido à forma como quebram este ciclo! Há pessoas que usam a sua Inteligência Emocional para gerir de forma mais eficaz esse stress e potenciá-lo a seu favor, ao em vez de se deixarem afundar por ele.

E como?

Primeiro devemos utilizar a nossa autoconsciência e questionarmos:

  1. Porque motivo sinto-me stressada/o e ansiosa/o?

Antes de lidares com o stress, precisas perceber porque motivo estás stressada/o. Por mais tolo que possa parecer, pode ser bastante útil fazeres uma lista das tuas “fontes de stress”.

Aponta num caderno ou num documento no teu computador, cada coisa na tua vida pessoal ou profissional que te está a provocar ansiedade. Depois categoriza cada coisa em “situações que tu tens o poder mudar” e “situações em que tu nada podes fazer para as mudar”.

Para os elementos que estão na última categoria, vais ter que descobrir como mudar a tua atitude face a eles.

  1. Porque motivo estou a perder a minha capacidade de concentração?

De acordo com alguns psicólogos clínicos, uma forma de aprimorar o nosso foco é entender, em primeiro lugar, para onde, quando e como a nossa mente vagueia quando mais precisamos dela focada.

Ao prestar atenção aos padrões que nos levam à falta de foco, podemos começar a desenvolver técnicas preventivas para desconsiderar as distrações e mantermo-nos focados naquilo que importa no momento.

  1. Como me sinto quando não me consigo focar?

Quando não consegues aceder à tua memória para lembrares-te de informações, em momentos cruciais, tais como numa entrevista de emprego, numa reunião com um cliente importante, num exame ou numa apresentação altamente importante, sentes-te ansiosa/o? Sentes-te tenso e meio atordoada/o enquanto forças o teu cérebro para encontrar as palavras certas para o tal e-mail importante?

Estes “sintomas” podem ser pistas para analisares se a tua falta de concentração te está, ou não, a provocar ainda mais stress.

  1. Como me sinto no momento em que perco a capacidade de concentração?

Como ficas naquele momento? O que fazes? Dás por ti, realmente muitíssimo preocupada/o com algo, a conduzir, com crianças no carro, em “piloto automático” e, ao chegares a casa, não conseguires recordar o percurso acabado de fazer?

Se isto acontece, estás-te a por a ti e outros em perigo. É sinal que tens de decidir em afastar as preocupações para mais tarde!

Depois destas perguntas estarem respondidas e analisadas, podes perceber que ganhaste uma maior consciência do que te provoca o stress, como e quando perdes a tua concentração.

Em seguida, podes usar as seguintes estratégias para melhor gerires emocionalmente o stress e manteres-te focado:

  1. Faz uma desintoxicação digital. Um estudo realizado pela The American Psychological Association (APA) descobriu que as pessoas que estão constantemente atentas às notificações, os “constant checkers” – que estão sempre a saltitar entre verificar o e-mail, textos e redes sociais – sentem mais stress do que aqueles que não o fazem. Mesmo que tenhas o telemóvel ou o computador do trabalho, faz os possíveis para estares “psicologicamente desconectado” fora do horário de trabalho;

 

  1. Descansa o teu cérebro. Todos nós já passamos pela experiência de estar noites em claro a ruminar em problemas atuais, eventos passados, medos ou ansiedades futuras. Se estas noites forem assíduas, a privação de sono não vai tornar fácil o foco e a nossa capacidade de interpretar eventos, assim como o nosso julgamento, vão ficar afetados. Mesmo com excesso de trabalho e stressada/o faz de forma a que tenhas 7/8 horas de sono, por noite, e acredita que vais ver os benefícios rapidamente.

 

  1. Pratica a Atenção Plena (Mindfulness). Esta prática permite treinar o nosso cérebro para diminuir a nossa tendência para tirar conclusões e reações precipitadas de fácil arrependimento pouco tempo depois. A prática da Atenção Plena aumenta a rede de atenção clássica no sistema fronto-parietal do cérebro, potenciado a atenção. Ou seja, a Atenção Plena é uma das chaves essenciais da resiliência emocional, sendo esta um dos fatores principais para a rápida recuperação do stress.

 

  1. Muda o teu foco para os outros. Quando nos fixamos nas nossas próprias preocupações e medos, estamos a tirar a atenção do que verdadeiramente interessa. Estudos comprovam que ao mudar o foco para os outros, produz efeitos fisiológicos que nos acalmam e fortalecem a nossa resiliência. Se prestarmos mais atenção aos sentimentos e necessidades de outras pessoas (e preocupação genuína), podemos não só distrair a nossa mente do stress, como colher os benefícios de estarmos a ajudar alguém de quem gostamos.

 

Por norma achamos que temos de trabalhar ainda mais quando temos problemas de concentração. Errado. Esta prática a longo prazo não vai ser benéfica. Ao em vez disso, presta atenção aos sinais que a tua mente e o teu corpo te transmitem e cria um plano de ação para criar estratégias preventivas para dares tempo de recuperação às funções neurológicas do teu cérebro que permitem a tua concentração e consciência.

 

 

Tradução adaptada de https://hbr.org/2017/12/break-the-cycle-of-stress-and-distraction-by-using-your-emotional-intelligence

#2 Desafio 2018 – Autoestima

Chegamos ao mês de Fevereiro e é tempo de lançarmos o nosso 2º desafio mensal!

O mês passado lançamos o desafio sobre Consciência Emocional. Este mês vamos lançar um desafio sobre a Autoestima. A autoestima também é uma componente importante para desenvolvermos a nossa Inteligência Emocional.

A autoestima reflete a avaliação de uma pessoa sobre ela própria. É um julgamento que faz sobre as suas capacidades e sobre o seu valor, englobando crenças e estados emocionais. Esta capacidade é muito importante para obtermos um maior sucesso pessoal e profissional.

Vários estudos têm sido feitos sobre a relação entre a autoestima e os nossos relacionamentos amorosos. Em geral, a evidência desses estudos sugere que uma autoestima elevada é benéfica para os relacionamentos e inclusive que tem um efeito positivo na felicidade do parceiro.

Não só a autoestima é importante para o nossos relacionamentos, como também para o nosso sucesso académico e profissional. Foi feito um estudo com 200 estudantes de uma escola primária, tendo mostrado que a autoestima, a orientação para objetivos e desempenho académico estavam correlacionados.

A autoestima divide-se em várias partes e existem várias teorias sobre como é que esta se forma. Mas uma das coisas que tende a ser unânime, é que a autoestima constrói-se através do nosso discurso interno, da história que contamos a nós próprios. Todos nós temos uma história que contamos a nós próprios diariamente e que vai moldando a perceção e imagem que temos sobre nós próprios, afetando a nossa autoestima.

Então o nosso desafio vai incidir sobre essa parte. Durante este mês, muda a tua história interior. Cada vez que te deparares com um pensamento distorcido, pensa num argumento para contrariares esse pensamento. E por cada pensamento negativo que vier à mente, pensa em algo positivo, de forma a equilibrar a carga emocional dessa história. É um treino desafiante e vai ser difícil ao início, mas cada dia que passar vai tornar-se mais fácil.

 

 

Porque é Que “Tentar Não Pensar” Nos Problemas Não Resulta

Quando estamos a passar por dificuldades, quando algum evento negativo surge ou quando queremos evitar alguma coisa, um conselho muito habitual que ouvimos é: “Tenta não pensar nisso”. Mas quantas vezes é que este conselho surte mesmo efeito? Quase nunca. Parece até que os pensamentos ainda ficam mais fortes.

Parece estranho: quando queremos não pensar em algo, parece que esse algo aparece mais nos nossos pensamentos.

Leo Tolstoy, um grande escritor Russo, conta a história em que um dia o seu irmão mais velho disse-lhe para se sentar num canto da casa até que ele conseguisse deixar de pensar num urso branco. O seu irmão voltou mais tarde e descobriu o pequeno Tolstoy ainda sentado ao canto, paralisado pela sua incapacidade em deixar de pensar num urso branco.

Esta história serviu de base para um grande psicólogo da Universidade de Harvard, Daniel Wegner, fazer uma experiência com os seus estudantes e descobrir porque é que isto acontecia. Wegner deu a seguinte instrução a 17 estudantes “Nos próximos cinco minutos, por favor tentem não pensar em ursos brancos”. E os estudantes não conseguiram, as preocupações habituais sobre os exames, relacionamentos e outros assuntos típicos pareciam irrelevantes durante aquele tempo. O que realmente não parava de vir à mente eram os ursos brancos.

É um pouco irónico que isto aconteça. E também percebemos que dizer a alguém para tentar não pensar nisso, é um mau conselho, porque só vai fazer com que a pessoa pense ainda mais nisso. E todos nós conseguimos-nos rever nessa situação: aquele assunto que nos preocupa ao longo do dia ou quando estamos a tentar adormecer e que não pára de voltar à mente. Nós queremos não pensar nesse assunto, mas ele aparece cada vez mais e com mais força.

Mas porque é que isso acontece?

Daniel Wegner explica que o comando de tentar não pensar em algo, é uma tarefa que se divide em duas partes e que é realizada por duas partes diferentes do cérebro.

Uma das partes tem a função de direccionar a nossa atenção para outra coisa que não seja o pensamento proibido. Ele chama este processo de “operador“. O operador consome muita atenção e energia.

Outra parte do cérebro tem a função de monitorizar tudo aquilo que possamos estar a fazer, sentir e pensar e que esteja relacionado com o pensamento proibido. Ele chama este processo de “monitor“. O monitor está sempre a funcionar e tem energia quase ilimitada.

Normalmente, o operador e o monitor trabalham em paralelo. Se estivermos com os nossos recursos cognitivos em pleno, o monitor é muito útil para nos informar dos perigos que queremos evitar e o operador consegue utilizar a sua energia e atenção para ir ao encontro ao nosso objetivo.

O problema surge principalmente quando os nossos recursos cognitivos estão fracos, tal como quando estamos cansados, com stresse, doentes, com distracções ou outras situações que atrapalhem os nossos recursos cognitivos. Nessas situações, o monitor está muito ativo e o operador não consegue fazer o seu trabalho, sendo bombardeado com aquilo que não queremos pensar, sentir e fazer. E quanto mais o monitor invade a nossa mente com esses pensamentos proibidos, menos controlo temos sobre esses pensamentos proibidos.

No caso dos estudantes que não podiam pensar num urso branco, como foi dada uma instrução clara para não pensar no urso branco, o sistema monitor dos estudantes estava continuadamente a informar que não podiam pensar no urso branco. Mesmo quando o sistema operador tentava mudar a atenção, o monitor voltava a informar a mente dos estudantes que não podiam mesmo pensar no urso branco, e ao fazê-lo, voltavam a pensar no urso branco. E quanto mais tempo passava, mais cansado ficava o sistema operador e mais forte ficava o sistema monitor.

Tentar não pensar em algo é uma estratégia contraproducente e um mau conselho, pois esgota ainda mais os nossos recursos cognitivos e o pensamento proibido fica mais forte. Uma solução? Deixar os pensamentos fluirem sem tentar travá-los e tentar direccionar a mente para outro objetivo. Não dizer ao monitor que aquele é um pensamento proibido, deixar que o pensamento venha quando quiser vir. É um conselho estranho, dizer que podemos pensar naquilo que não queremos pensar. Mas é uma boa forma de impedir que esses pensamentos se tornem mais fortes e mais intensos.

 

 

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