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Só Vemos Aquilo Que Queremos Ver

Há uma tendência no ser humano para procurar informação que seja consistente com as suas hipóteses e crenças e evitar a informação que o contrarie e que vá contra aquilo que acredita, ou seja, o ser humano tem um enviesamento para a confirmação.

Warren Buffett, um dos homens mais ricos do mundo, disse que o que o ser humano é melhor a fazer, é interpretar toda a nova informação de forma a que as suas conclusões anteriores permaneçam intactas.

Quando temos uma ideia formada, procuramos informação que confirme essa visão, e ao mesmo tempo, ignoramos e rejeitamos informação que possa lançar dúvidas sobre essa ideia. Então, tornamo-nos prisioneiros das nossas crenças, não analisando a informação de forma racional.

Vemos no dia-a-dia inúmeros exemplos do enviesamento para a confirmação. Por exemplo, uma pessoa com uma baixa autoestima, fica sensível ao facto de poder ser ignorada por outras pessoas. Essa pessoa, vai procurar constantemente por sinais que mostrem que as pessoas não gostam dela. E os sinais que mostram o contrário, não vão ser processados da mesma forma. Mesmo um comportamento neutro ou positivo, pode ser reinterpretado de forma a encaixar-se nas crenças que as pessoas não gostam dela. Por exemplo, se alguém sorrir para ela, pode pensar que está a rir dela.

No local de trabalho, este enviesamento também se torna uma autoprofecia. Um líder que pense que o seu colaborador não é dedicado, inteligente ou profissional, vai estar atento à informação que vá ao encontro dessa crença, reforçando a mesma. A informação que não se adapte a essa ideia, será descartada ou mesmo reinterpretada, de forma a encaixar-se na sua crença.

Se projetarmos esta estratégia de enviesamento do cérebro, conseguimos ver o porquê dos debates infrutíferos de vários temas. Se pegarmos no tema quente da ciência contra a religião, vemos como a informação é reinterpretada constantemente à medida de cada crença. A existência dos dinossauros é um bom tema de debate. Por um lado, temos a ciência a indicar através da análise de fósseis, que não é possível que a vida tenha começado com Adão e Eva. Por outro lado, temos a religião a indicar através da Bíblia, que os dinossauros possam ter existido em conjunto com Adão e Eva. Mas mesmo dentro da religião, temos vários tipos de análises, desde alguns que indicam que muitas histórias são metáforas, até outros que utilizam partes da Bíblia para mostrar que já estava tudo escrito. A mesma informação, tem análises diferentes e reinterpretações diferentes, de forma a se ajustarem às nossas crenças.

Um dos motivos que temos este enviesamento, é que o nosso cérebro tem a função de otimizar energia. Aceitar a informação que confirma as nossas crenças, requer pouca energia mental. Por outro lado, contradizer informação, requer um maior esforço e energia mental.

Outro grande motivo, deve-se à necessidade do cérebro em manter uma consistência cognitiva, lutando contra a dissonância cognitiva. A dissonância cognitiva acontece quando existe um conflito entre a informação que recebemos, as nossas atitudes, crenças ou comportamentos. Esta dissonância produz um sentimento de desconforto, levando à alteração das nossas atitudes, crenças ou comportamentos, de forma a reduzir esse desconforto e recuperar a harmonia e consistência cognitiva.

Este efeito de dissonância cognitiva foi investigado primeiro pelo psicólogo Leon Festinger, em 1957. Ele observou um culto que acreditava que a terra seria destruída, vendo vários membros a despedirem-se dos seus empregos e até a deixarem as suas famílias. Quando se verificou que o mundo não tinha sido destruído, aqueles crentes mais comprometidos não analisaram a situação de forma racional, apercebendo-se que tinham sido enganados. Por outro lado, eles reinterpretaram a informação, para confirmar que estavam certos. Para eles, a terra não tinha sido destruída, por causa da sua fé inabalável. O mundo foi salvo graças a eles.

Esta observação foi um ponto chave para que Festinger elaborasse a teoria da dissonância cognitiva, que nos mostra um dos motivos pelo qual temos o enviesamento para a confirmação.

Mas não é isso que nós acreditamos. Se perguntarmos às pessoas se analisam a informação de forma enviesada, reinterpretando a mesma com base naquilo que acreditam, a maior parte irá dizer que não, que isso é ridículo. Vemo-nos como pessoas inteligentes e racionais.

Então como é que reduzimos este enviesamento? O primeiro passo, é admitir que o fazemos, ganhando consciência sobre ele. E depois, podemos reduzir o nosso enviesamento, se abordarmos a vida com curiosidade. Em vez de tentarmos provar que temos razão em todas as interações, devemos focarmo-nos em experienciar e viver a vida com curiosidade. Quanto estamos dispostos a estar errados, abrimo-nos a novas ideias e aprendizagens e aumentamos a nossa flexibilidade mental.

Carol Dweck, psicóloga da Universidade de Stanford, fez um estudo com dois grupos de crianças numa escola. O primeiro grupo devia evitar problemas difíceis, porque tinha um risco elevado de errarem. O segundo grupo, devia ativamente abordar esses problemas e encará-los como uma oportunidade de aprendizagem, mesmo que falhassem. O estudo revelou que o segundo grupo superou o primeiro consistentemente.

O enviesamento de confirmação é uma parte inevitável de como tomamos decisões. É um traço evolutivo e como o nosso cérebro opera. Mas se estivermos consciente que temos este enviesamento e focarmo-nos em viver a vida com curiosidade em vez de tentarmos ter sempre razão, vamos conseguir tomar decisões muito mais benéficas e saudáveis, para nós e para os outros.

O Efeito do Meio na Nossa Genética

Há algumas décadas atrás, pensava-se que a genética determinava totalmente a nossa forma de ser, estar, a nossa personalidade e os resultados que iriamos ter na vida. Entretanto, surgiram outras correntes de pensamento que diziam que era o meio que ditava como nos iriamos tornar. Diziam que nascíamos como uma tábua rasa, uma tábua em branco, sem qualquer informação e que aprendíamos tudo com a nossa interação com o meio.

Esta luta de ideias deu historicamente o debate entre a genética e o meio. Só a partir de década de 90, com recurso a ferramentas imagiológicas que permitiram analisar a atividade do cérebro e com novos estudos experimentais, a resposta apareceu.

A genética tem um peso e influencia como nos iremos tornar. Mas, não determina. O meio em que estamos inseridos e as nossas experiências passadas têm um peso determinante no resultado da nossa vida.

O que a ciência descobriu recentemente é que a mera presença de um gene não é suficiente para determinar se iremos ter aquele traço ou não. Um gene também tem que ser ligado ou desligado. Estudos feitos têm vindo a mostrar que as experiências que temos podem ligar ou desligar genes. Ou seja, naquela dicotomia da genética contra o meio, verificamos que o meio pode agir sobre a genética.

Dependendo das experiências que uma criança tenha, a base genética da timidez ou agressão pode ou não ser manifestada. O nosso DNA é como uma coleção de música. Podemos ter músicas que não gostamos na nossa coleção, mas a música que ouvimos depende da música que é tocada.

 

No início de 1990, Michael Meaney, especialista em biologia e neurologia, descobriu algo muito interessante com ratos, que serviu de resposta para este debate da genética contra o meio.

Como os ratos neuróticos e ansiosos tinham filhos também neuróticos e ansiosos, pensava-se que a ansiedade e o neuroticismo eram genéticos, hereditários e fixos. E como os ratos calmos tinham filhos calmos, pensava-se que esse traço também era genético, hereditário e fixo. Mas Meaney, era céptico quanto a esta ideia e quis testá-la.

Meaney colocou os ratos fêmeas que eram ansiosos e neuróticos junto das crias de ratos calmos e colocou os ratos fêmeas que eram calmos junto das crias de ratos ansiosos e neuróticos.

Uma das grandes diferenças entre estas mães, é que aquelas que eram calmas, davam muito mais carinho às crias e lambiam-nas muito mais, como gesto de afeto e de reconforto, enquanto as mães ansiosas e neuróticas não faziam isso.

 

O que aconteceu foi que as crias de ratos neuróticos e ansiosos, mas que foram colocados junto de mães calmas, tornaram-se calmos e curiosos, explorando o meio à sua volta. Por outro lado, as crias de ratos calmos, mas que foram colocados junto de mães neuróticas e ansiosas, ficaram mais ansiosos, hipersensíveis a qualquer som ou gesto e com mais stress.

O que Meaney e os seus colegas descobriram foi que os genes eram expressos pelas experiências de vida iniciais.

O facto do meio influenciar a genética não acontece apenas com ratos. Meaney fez outro estudo, analisando amostras de 36 cérebros: 1/3 de pessoas que se tinham suicidado e sofrido abusos em crianças, 1/3 de pessoas que se suicidaram mas não foram abusadas e 1/3 de pessoas que não se suicidaram.

Ele descobriu que as pessoas que tinham sofrido abuso em crianças e que tiraram a sua vida, tinham o gene responsável pelo sistema de resposta ao stress, desligado, fazendo extremamente difícil de lidarem com as adversidades da vida. A atividade anormal no sistema de resposta ao stress tende a estar ligada ao suicídio. Com esta descoberta feita em 2009, Meaney completou a sua ideia. O abuso que as pessoas sofreram em crianças, ou seja, o efeito do meio, alterou a expressão de genes no cérebro, que prejudicou a capacidade de lidarem com a adversidade, levando a estas pessoas mais vulneráveis ao suicídio.

 

Embora possamos ter uma genética propensa à ansiedade, se formos criados num ambiente carinhoso, seguro, reconfortante e que nos dê ferramentas para lidar com a ansiedade, pode silenciar esse gene e prevenir que tenha um efeito no cérebro e no nosso comportamento.

Então Meaney mostrou que não podemos estar sempre a culpabilizar a nossa genética, a dizer que somos como somos, porque já o meu pai era. O meio influencia de forma determinante na forma como os nossos genes vão ser expressos.

No entanto, podemos ter sido criados numa situação em que o meio não foi o mais seguro e carinhoso. Então, será que isso significa que o nosso destino está traçado? Que a forma como somos criados em criança vai definir a nossa vida? Não. Embora tenha um peso muito forte, o nosso cérebro continua a formar novas ligações neurológicas ao longo da nossa vida, conseguindo então mudar padrões e processos de aprendizagem. A este processo dá-se o nome de neuroplasticidade.

Como tínhamos indicado no início deste artigo, o que devemos reter é que a genética influencia-nos, mas não determina o resultado da nossa vida. As experiências do nosso dia-a-dia, desde da infância e durante a fase adulta, vão ter um impacto muito forte em moldar a nossa forma estar no mundo e como vamos reagir às situações do dia-a-dia.

Quebrar o Ciclo de Stress e Distração com Inteligência Emocional

O foco ajuda-nos a sermos pessoas bem-sucedidas. Porém, o nosso foco e a atenção tendem a ser sequestrados com alguma regularidade, fazendo-nos sentir cansada/os, esquecida/os e incapazes de manter a concentração.

Quantos de nós já não pensámos para os nossos botões:

  • Sinto-me completamente sobrecarregada/o;
  • Sem ser trabalhar, nunca tenho tempo para mais nada;
  • Sinto-me exausta/o, física e mentalmente, e distraio-me constantemente no escritório.

Contudo, importa perceber se são apenas as distrações constantes e a falta de tempo que cortam o nosso foco ou se também podemos estar sob stress crónico.

O stress crónico inunda o nosso organismo com cortisol e adrenalina, que diminui as funções cognitivas importantes. Durante décadas foram realizados vários estudos onde demonstram os efeitos negativos do stress sobre o foco, memória e outras funções cognitivas.

Os resultados são consistentes – o stress de curto prazo eleva os níveis de cortisol (a chamada hormona do stress) por períodos curtos, que, por sua vez, nos ajuda a sentir motivada/os a realizar algo de forma mais eficiente e num curto espaço de tempo. Por sua vez, o stress prolongado pode levar a níveis elevados de cortisol no nosso organismo e isso pode ser tóxico para o cérebro.

Quando não nos conseguimos concentrar no trabalho, devido a distrações, isso pode-nos levar a sentir stress por não estarmos a ser produtiva/os, o que, simultaneamente, faz-nos reduzir o nosso foco, alimentando ainda mais o ciclo. O que maioria de nós não percebe é que o foco entra em declínio até ficar completamente sobrecarregado.

Quando o esgotamento mental e emocional inicia o seu processo, drena a nossa capacidade de foco, concentração e capacidade de recuperação de informações.

Mas então porque motivo algumas pessoas se sentem afetadas e outras não?

Um grande motivo é devido à forma como quebram este ciclo! Há pessoas que usam a sua Inteligência Emocional para gerir de forma mais eficaz esse stress e potenciá-lo a seu favor, ao em vez de se deixarem afundar por ele.

E como?

Primeiro devemos utilizar a nossa autoconsciência e questionarmos:

  1. Porque motivo sinto-me stressada/o e ansiosa/o?

Antes de lidares com o stress, precisas perceber porque motivo estás stressada/o. Por mais tolo que possa parecer, pode ser bastante útil fazeres uma lista das tuas “fontes de stress”.

Aponta num caderno ou num documento no teu computador, cada coisa na tua vida pessoal ou profissional que te está a provocar ansiedade. Depois categoriza cada coisa em “situações que tu tens o poder mudar” e “situações em que tu nada podes fazer para as mudar”.

Para os elementos que estão na última categoria, vais ter que descobrir como mudar a tua atitude face a eles.

  1. Porque motivo estou a perder a minha capacidade de concentração?

De acordo com alguns psicólogos clínicos, uma forma de aprimorar o nosso foco é entender, em primeiro lugar, para onde, quando e como a nossa mente vagueia quando mais precisamos dela focada.

Ao prestar atenção aos padrões que nos levam à falta de foco, podemos começar a desenvolver técnicas preventivas para desconsiderar as distrações e mantermo-nos focados naquilo que importa no momento.

  1. Como me sinto quando não me consigo focar?

Quando não consegues aceder à tua memória para lembrares-te de informações, em momentos cruciais, tais como numa entrevista de emprego, numa reunião com um cliente importante, num exame ou numa apresentação altamente importante, sentes-te ansiosa/o? Sentes-te tenso e meio atordoada/o enquanto forças o teu cérebro para encontrar as palavras certas para o tal e-mail importante?

Estes “sintomas” podem ser pistas para analisares se a tua falta de concentração te está, ou não, a provocar ainda mais stress.

  1. Como me sinto no momento em que perco a capacidade de concentração?

Como ficas naquele momento? O que fazes? Dás por ti, realmente muitíssimo preocupada/o com algo, a conduzir, com crianças no carro, em “piloto automático” e, ao chegares a casa, não conseguires recordar o percurso acabado de fazer?

Se isto acontece, estás-te a por a ti e outros em perigo. É sinal que tens de decidir em afastar as preocupações para mais tarde!

Depois destas perguntas estarem respondidas e analisadas, podes perceber que ganhaste uma maior consciência do que te provoca o stress, como e quando perdes a tua concentração.

Em seguida, podes usar as seguintes estratégias para melhor gerires emocionalmente o stress e manteres-te focado:

  1. Faz uma desintoxicação digital. Um estudo realizado pela The American Psychological Association (APA) descobriu que as pessoas que estão constantemente atentas às notificações, os “constant checkers” – que estão sempre a saltitar entre verificar o e-mail, textos e redes sociais – sentem mais stress do que aqueles que não o fazem. Mesmo que tenhas o telemóvel ou o computador do trabalho, faz os possíveis para estares “psicologicamente desconectado” fora do horário de trabalho;

 

  1. Descansa o teu cérebro. Todos nós já passamos pela experiência de estar noites em claro a ruminar em problemas atuais, eventos passados, medos ou ansiedades futuras. Se estas noites forem assíduas, a privação de sono não vai tornar fácil o foco e a nossa capacidade de interpretar eventos, assim como o nosso julgamento, vão ficar afetados. Mesmo com excesso de trabalho e stressada/o faz de forma a que tenhas 7/8 horas de sono, por noite, e acredita que vais ver os benefícios rapidamente.

 

  1. Pratica a Atenção Plena (Mindfulness). Esta prática permite treinar o nosso cérebro para diminuir a nossa tendência para tirar conclusões e reações precipitadas de fácil arrependimento pouco tempo depois. A prática da Atenção Plena aumenta a rede de atenção clássica no sistema fronto-parietal do cérebro, potenciado a atenção. Ou seja, a Atenção Plena é uma das chaves essenciais da resiliência emocional, sendo esta um dos fatores principais para a rápida recuperação do stress.

 

  1. Muda o teu foco para os outros. Quando nos fixamos nas nossas próprias preocupações e medos, estamos a tirar a atenção do que verdadeiramente interessa. Estudos comprovam que ao mudar o foco para os outros, produz efeitos fisiológicos que nos acalmam e fortalecem a nossa resiliência. Se prestarmos mais atenção aos sentimentos e necessidades de outras pessoas (e preocupação genuína), podemos não só distrair a nossa mente do stress, como colher os benefícios de estarmos a ajudar alguém de quem gostamos.

 

Por norma achamos que temos de trabalhar ainda mais quando temos problemas de concentração. Errado. Esta prática a longo prazo não vai ser benéfica. Ao em vez disso, presta atenção aos sinais que a tua mente e o teu corpo te transmitem e cria um plano de ação para criar estratégias preventivas para dares tempo de recuperação às funções neurológicas do teu cérebro que permitem a tua concentração e consciência.

 

 

Tradução adaptada de https://hbr.org/2017/12/break-the-cycle-of-stress-and-distraction-by-using-your-emotional-intelligence

Mudar Emoções Negativas Com o Pensamento

Shakespeare, na sua peça mundialmente conhecida “Hamlet” disse: “Nada em si é bom ou mau, tudo depende daquilo que pensamos”.

A peça foi apresentada há mais de 400 anos e já mostrava aquilo que a ciência viria a descobrir muitos séculos depois.

O ser humano tem uma capacidade de adaptação invejável, em comparação com a maioria das outras espécies. Somos adaptáveis não só ao mundo exterior, como ao mundo interior.

As emoções comandam a nossa vida e muitos de nós somos avassalados por emoções negativas mais vezes do que gostaríamos. Mas existe uma excelente notícia: podemos mudar isso através do nosso pensamento.

Sim, claro que existem situações que certos distúrbios ou lesões em áreas cerebrais podem impedir que consigamos gerir as nossas emoções apenas através do pensamento. Mas para muitos casos pontuais que experienciamos no dia-a-dia, é possível.

Kevin Ochsner, da Universidade da Columbia fez uma experiência em que os voluntários observavam várias imagens, umas com carga negativa e outras com neutra. 1 Alguns voluntários iriam ver a fotografia normalmente, sentido a emoção negativa, enquanto a outros era pedido que reenquadrassem a situação, dando outra perspetiva ao que estavam a ver.

Por exemplo, uma das imagens continha uma foto de uma mulher a chorar numa igreja, que os participantes pensavam que era um funeral. Quando isto acontecia, a amígdala direita, um ponto chave para as emoções perturbadoras, fazia uma avaliação automática e rápida da situação – um funeral – e ativava o circuito para a tristeza. Esta resposta acontece tão rapidamente e espontaneamente, que enquanto a amígdala ativa estas reações e ativa outras áreas do cérebro, os centros corticais para pensar ainda não acabaram de analisar a situação. Depois e em conjunto com a avaliação da amígdala, os sistemas ligando os centros emocionais e cognitivos verificam e refinam essa reação, dando um acréscimo emocional ao que estamos a ver. E é então que formamos a nossa primeira impressão: “Que triste, ela está a chorar num funeral.”

Entretanto, o investigador poderia dizer a alguns participantes: “Não é um funeral, é um casamento”. Esta reapreciação do evento, substituía o pensamento inicial e gerava uma dose mais feliz de sentimentos, iniciando uma sequência de mecanismos que acalmava a amígdala e os circuitos conexos.

 

No gráfico acima, a barra preta “Attend” mostra os participantes que olharam para as imagens negativas sem utilizar o reenquadramento. A barra preta “Reapp” mostra os participantes que fizeram o reenquadramento. A barra a cinzento mostra a reação a imagens neutras.

No eixo dos Y, está a força do evento negativo que os participantes experienciaram.

Como podemos verificar, quando os voluntários utilizaram o reenquadramento (Reapp), existiu uma diminuição considerável do sentimento negativo que estavam a experienciar.

 

Este estudo mostra-nos que podemos mudar emoções negativas com o pensamento, utilizando reenquadramentos, olhando para as coisas de uma forma diferente. As coisas são como são. Nós é que as interpretamos de variadas formas, gerando vários estados emocionais, sendo que muitos não são positivos. Mas podemos utilizar o pensamento para reenquadrar a situação, ver através de outro prisma e, com isso, mudar o estado emocional.

 

  1. Oschner, K.N., Bunge, S.A., Gross, J.J. & Gabrieli J.D. (2002). Rethinking Feelings: An fMRI Study of the Cognitive Regulation of Emotion. J Cogn Neurosci

11 Sinais Que Tens Baixa Inteligência Emocional

Travis Bradberry, autor do best-seller Emotional Intelligence 2.0 e referência mundial em Inteligência Emocional, escreveu um artigo para o entrepreneur.com onde enumera 11 sinais de um baixo Quociente Emocional (QE).

Devemos alertar que pelo facto de sermos humanos, todos nós passamos por vários sinais que o autor indica, não significando automaticamente que temos uma baixa inteligência emocional. Se apresentarmos estes sinais de forma regular, aí sim, é um grande indicador.

Decidimos traduzir e adaptar esse artigo. Os 11 sinais que Travis Bradberry menciona que uma pessoa com um baixo QE tem, são:

  1. Stressa rapidamente
    As pessoas com uma baixa inteligência emocional tendem a stressar-se rapidamente, pois não gerem de forma saudável as suas emoções e sobrecarregam aquilo que estão a sentir. Quando sobrecarregamos os nossos sentimentos, eles rapidamente transformam-se em sensações desconfortáveis de tensão, stress e ansiedade.
  2. Dificuldade em ser assertivo/a
    Uma baixa assertividade pode gerar comportamentos passivo-agressivos. Pessoas com elevado QE tendem a fazer um equilíbrio entre boas maneiras, empatia e bondade, com a habilidade de manterem-se assertivos e estabelecerem limites em simultâneo.
  3. Vocabulário emocional limitado
    Todos nós sentimos/experimentamos emoções, mas são poucas as pessoas que conseguem identificar com precisão as emoções à medida que vão aparecendo/à medida que as sentimos.
    Emoções sem rótulo -> geram mal-entendidos -> levam a escolhas irracionais e ações pouco produtivas
  4. Tira ilações muito rapidamente e tende a ser defensiva/o
    Pessoas com baixo QE tendem a formar opiniões muito rapidamente e deixam-se levar por confirmações enviesadas, isto é, apenas registam as evidências que suportam as suas opiniões e ignoram todas as evidências que defendem o contrário.
  5. Guarda rancor
    As emoções desagradáveis servem um propósito. Devemos senti-las, mas não devemos guardá-las e ruminar sobre elas, gerando rancor contra terceiros.
  6. Não se distancia dos seus erros
    Focarmo-nos nos nossos erros deixa-nos ansiosos e inseguros. Pessoas com elevado QE distanciam-se saudavelmente dos seus erros, mas não os esquecem. Essa distância de segurança permite que esses erros estejam “à mão” de serem ajustados para tornarem-se sucessos.
  7. Sente-se incompreendido/a com frequência
    Pessoas com elevado QE também se sentem incompreendidas com frequência, porque nem sempre transmitem as suas ideias perfeitamente, mas tentam adaptar o seu discurso até que se sejam compreendidas.
  8. Não conhece os seus gatilhos emocionais
    Todos nós temos coisas que nos fazem “saltar a tampa”. Todos. Saber quais são essas coisas ajuda-nos a não deixarmo-nos ser dominados por elas.
  9. Nunca fica zangado/a
    Existe uma ideia errada que as pessoas com elevada inteligência emocional não se zangam. Ser emocionalmente inteligente não é sobre ser boa pessoa, mas sim sobre gerir as nossas emoções para obter os melhores resultados possíveis. Mascarar emoções não é genuíno, nem produtivo. Tentar mostrar sempre que não estamos zangados, não é uma forma saudável de trabalhar com as emoções.
  10. Culpa terceiros pela forma como lhe fazem sentir
    Pessoas com elevada inteligência emocional responsabilizam-se pelas suas emoções. Ninguém nos pode fazer sentir algo, sem a nossa permissão. Podem influenciar e conduzir-nos até lá, claro, mas em última instância, essa reação parte da nossa “permissão”. Embora as emoções surjam de forma automática e inconsciente, temos a seguir a opção de escolher o que vamos fazer com elas.
  11. Ofende-se facilmente
    Pessoas com elevado QE são autoconfiantes e sabem rir-se delas próprias. Conseguem utilizar o humor em várias situações, reenquadrando muitos eventos que lhe ocorrem no dia-a-dia, sem se deixarem sentir ofendidas. Claro que em situações de ofensa verdadeira e rebaixamento, tomam decisões assertivas de forma a tentar resolver a situação.

Tradução adaptada de https://www.entrepreneur.com/article/288181

Descubra Se É Emocionalmente Inteligente No Trabalho!

Acha que é emocionalmente inteligente no seu local de trabalho?

Alguma vez deixou que as suas emoções o levassem a fazer algo que mais tarde se arrependeu ou permitiu que os seus sentimentos o impedissem de fazer algo que realmente queria muito?

Sim e já aconteceu a todos nós, certamente. Mas isso não significa que não seja emocionalmente inteligente, isto porque, a inteligência emocional é uma capacidade que permite fazer com que as emoções trabalhem a nosso favor, em vez de contra nós, que envolve aprendizagem, treino e aplicabilidade e tem um potencial brutal no ambiente de trabalho. Apenas significa que precisa de desenvolver melhor esta capacidade, tal como se fosse uma nova tarefa técnica que necessita de ser aprendida.

E como perceber se já somos emocionalmente inteligentes, nomeadamente no local de trabalho? Destes 15 indicadores, veja quantos é que já aplica.

 

  1. Pensa sobre as suas emoções e as emoções dos outros
    Ser emocional inteligente implica uma certa introspeção: “Por que motivo estou a sentir-me assim?” ou “O que me levou (ou a outra pessoa) a dizer isto ou fazer aquilo?”
    Ao rever todas as reações emocionais como uma experiência de aprendizagem, permite-se aprender como ler os seus próprios humores e os humores dos outros e reagir em conformidade.

 

  1. Aprende a conhecer-se através dos outros
    Não tem medo de questionar terceiros sobre como eles o veem, porque sabe que há muito a aprender através de outras perspetivas.

 

  1. Sabe a importância das palavras “por favor” e “obrigado”
    Dentro do ambiente empresarial, existem muitas pessoas que se recusam a demonstrar expressões verbais de apreciação ou até mesmo de cortesia entre colegas. Uma pessoa emocionalmente inteligente não se deixa influenciar por isso porque reconhece o poder de algumas palavras que podem ajudar a melhorar o dia de outra pessoa, fortalecer relacionamentos e até mesmo fazer-nos sentir bem.

 

  1. Faz pausas
    Tem o hábito de parar e pensar antes de falar ou agir, especialmente se está a sentir-se muito emocional.

 

  1. Pergunta “porquê?”
    Em vez de criar rótulos imediatos, quem é emocionalmente inteligente procura perceber as razões que poderão estar por detrás de um determinado comportamento e dão o benefício da dúvida. Quando tentamos ver através da perspetiva dos outros, estamos a aumentar a nossa habilidade de demonstrar empatia e compaixão.

 

  1. Aprende pela crítica
    Ninguém gosta que lhe digam que está errado, mas uma pessoa emocionalmente inteligente sabe que a crítica é uma oportunidade de aprendizagem.

 

  1. É atento ao comportamento de terceiros
    Sempre que conhece alguém, fica atento ao comportamento dessa pessoa. Isto permite-lhe ganhar maior perceção do profundo impacto que as nossas palavras e ações têm nos outros.

 

  1. Não tem medo de pedir desculpa
    Tem consciência que a palavra “desculpa” é das mais difíceis de dizer, mas também a mais poderosa.

 

  1. Não guarda remorsos

Uma pessoa emocionalmente inteligente não guarda remorsos com as outras pessoas e permite-se perdoar, dando-se a oportunidade de avançar também com a sua vida.

 

  1. Detém um variado vocabulário emocional
    Ao saber expressar as suas emoções numa linguagem específica, está a aumentar o seu nível de compreensão. Por exemplo, ao sentir-se triste, uma pessoa emocionalmente inteligente aprofunda o “porquê”. Está desapontado? Frustrado? Magoado? Isto ajuda a ganhar um maior conhecimento da abrangência e importância das emoções em si e nos outros.

 

  1. Elogia com sinceridade
    Através do elogio sincero e da procura de aspetos positivos nos outros, uma pessoa emocionalmente inteligente consegue motivar e inspirar outros.

 

  1. Consegue gerir os seus pensamentos
    Uma pessoa emocionalmente inteligente pode não conseguir controlar uma reação emocional inicial, mas consegue gerir o que sente e pensa a seguir.

 

  1. Não “marca” ninguém
    Tem consciência de que todos nós temos maus dias. Foca-se no julgamento de comportamentos e não de pessoas. Deste modo, consegue fazer fluir os relacionamentos.

 

  1. Consegue analisar as suas forças, assim como as suas fraquezas
    Sabe onde consegue ter sucesso e onde tem que melhorar.

 

  1. Protege-se de possíveis sabotagens emocionais
    Tem consciência que há pessoas exímias em aproveitarem-se dos estados emocionais dos colegas de modo a influenciarem certos acontecimentos. Por essa razão, as pessoas emocionalmente inteligentes continuam a trabalhar a sua inteligência emocional, de modo a protegerem-se dessas pessoas e dos acontecimentos.

 

(Tradução adaptada de http://www.chicagotribune.com/business/success/inc/tca-are-you-emotionally-intelligent-at-work-20170413-story.html)

 

Investigadores Estudaram O Comportamento de Crianças Do Jardim de Infância e Acompanharam-nas Durante 19 Anos. Estes Foram Os Resultados.

É sabido que uma boa parte do comportamento das crianças é absorvida pelo comportamento dos pais.

Então é cada vez mais importante que lhes seja mostrado e ensinado comportamentos sociais positivos e de empatia.

A inteligência cognitiva é extremamente importante, mas não é a única. A Inteligência Cognitiva (QI) faz-nos chegar mais rápido aos nossos objetivos, mas é a Inteligência Emocional que nos faz permanecer lá e que contribui para o sucesso a longo prazo. E o melhor? O QE (Quociente Emocional) desenvolve-se, treina-se e expande-se e os benefícios são visíveis quer a nível profissional e pessoal (não só em termos relacionais, mas como em termos de saúde mental e física).

Partilhamos este estudo realizado em 1991. Investigadores estudaram o comportamento (social skills) de 800 crianças do jardim de infância e passados 19 anos voltaram a analisar os mesmos elementos, agora jovens adultos.

Tendo em conta as limitações admitidas pelos investigadores, apesar de terem tentando ao máximo controlar o impacto dos fatores externos possíveis, os resultados foram os seguintes:

 

As notas nos testes são importantes, mas não pelas razões tradicionais

 

Tradicionalmente, nós achamos que se a criança tira boas notas e é boa aluna, é mais inteligente, certo? Esta lógica não é assim tão direta.

As notas altas não demonstram quantas vezes uma criança trabalhou em equipa para resolver um problema, percebeu que precisava de ajuda e pediu essa ajuda extra ou quantas vezes essa criança resistiu à tentação de assistir TV em prol de se preparar para um teste. Então, embora a criança possa ter tido melhores notas, este resultado não tem a ver, unicamente, com as suas capacidades cognitivas, mas sim com capacidades não-cognitivas, como é o caso da Inteligência Emocional.

 

Capacidades (skills) como a Partilha e a Cooperação serão valiosas mais tarde

 

Os investigadores concluíram que as tais crianças que melhor se relacionavam com os seus pares, que geriam melhor as suas emoções e que eram boas na resolução de problemas, estavam a ter uma vida melhor e mais bem-sucedida, 19 anos depois.

De acordo com os estudos realizados, um aumento de um único ponto na pontuação de competência social mostrou que uma criança era 54% mais propensa a concluir o secundário, tinha duas vezes mais hipóteses de se formar em termos académicos e tinha 46% mais probabilidade de ter um emprego estável e a tempo inteiro aos 20 e poucos anos.

Por outro lado, as crianças que estavam sempre a roubar os brinquedos das outras, a estragar/partir coisas e a ter ataques de fúria tinham maior probabilidade de vir a ter problemas com a lei, no futuro, assim como problemas com dependência de substâncias.

 

Comportamentos sociais podem ser aprendidos e desaprendidos

 

Ou seja, nunca é tarde para mudar. Vamos ser realistas, há crianças que dificilmente vão tornar-se génios. De facto, existem caraterísticas físicas no nosso cérebro que permitem que a aprendizagem seja mais fácil para uns do que para outros. MAS, saber lidar com pessoas e saber gerir conflitos entre pares? Isto é qualquer coisa que as crianças (e os adultos) podem aprender e estar sempre a desenvolver.

 

Conclusão:

 

“O sucesso escolar envolve ambas as capacidades emocionais-sociais e cognitivas, porque as interações sociais, concentração e autocontrolo (autogestão) emocional afetam a capacidade de aprendizagem.”

É altamente importante que as escolas passem a dedicar mais tempo na aprendizagem das capacidades não-cognitivas.

Comportamentos pró-sociais importam, independentemente da idade. E como podem ser aprendidos, é muito importante usá-los como prevenção ou como forma de intervenção.

 

Traduzido e adaptado de http://www.upworthy.com/researchers-studied-kindergarteners-behavior-and-followed-up-19-years-later-here-are-the-findings

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