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#5 Desafio 2019 – Resistência ao Impulso

Resistência ao Impulso

Chegamos a Maio, altura de lançarmos o nosso quinto desafio do ano para desenvolveres a tua Inteligência Emocional!

Nos últimos quatro meses, lançamos os seguintes desafios:

Este mês vamos treinar uma competência muito importante para a nossa regulação emocional, que é a Resistência ao Impulso. A resistência ao impulso é capacidade de um indivíduo resistir ao desejo da gratificação imediata, de forma a obter uma maior recompensa a longo prazo. Esta competência está intrinsecamente ligada ao autocontrolo.

Um dos estudos mais fascinantes e conhecidos sobre a resistência ao impulso, foi elaborado por Walter Mischel, psicólogo da Universidade de Stanford, na década de 60. Walter Mischel, apresentou um marshmallow a crianças em idade pré-escolar, indicando que poderiam comer o marshmallow imediatamente, mas apenas comiam esse, ou poderiam aguardar (cerca de 10 minutos) e receberiam outro marshmallow. O objetivo seria analisar se as crianças que conseguiam aguardar pelo segundo marshmallow, ou seja, que tinham uma capacidade de resistir ao impulso inicial, à gratificação instantânea, de forma a aguardar por uma recompensa a longo prazo maior, tinham no futuro competências sociais e emocionais mais desenvolvidas. Estas crianças foram acompanhadas ao longo dos anos e Mischel verificou que estas crianças que resistiam ao impulso inicial, tinham um perfil psicológico mais positivo, faltando menos às aulas, relacionando-se melhor e tendo melhores resultados escolares.

No seu livro “The Marshmallow Test”, Walter Mischel fala de dois sistemas que têm um impacto direto na nossa capacidade de resistência ao impulso: o sistema emocional quente e o sistema cognitivo frio.

Sistema emocional quente

O sistema límbico consiste em estruturas primitivas do cérebro localizadas por baixo do córtex e em cima do tronco cerebral, que foi desenvolvido cedo na evolução. Estas estruturas regulam desejos básicos e emoções essenciais para a sobrevivência, desde medo a raiva, até a fome e sexo.

Este é um sistema reflexivo, simples, emocional, automático e rapidamente dispara o comportamento consumista, impulsivo. Um foco quente na tentação, rapidamente dispara esta resposta. O stress elevado ativa este sistema quente.

Sistema cognitivo frio

Ligado ao sistema quente do cérebro, está o sistema frio, que é cognitivo, complexo, reflexivo e mais lento a ativar. Está centrado principalmente no córtex pré-frontal. Este sistema é crucial para decisões futuras e esforços de autocontrolo. O sistema frio e quente interagem continuamente e quando um fica mais ativo, o outro torna-se menos ativo.

O Córtex Pré-Frontal (CPF) é a região mais evoluída do cérebro, que é responsável por regular os nossos pensamentos, ações e emoções. Permite-nos redirecionar a nossa atenção e mudar estratégias de forma flexível. O autocontrolo está enraizado no CPF.

Distância psicológica

Existe um conceito que nos pode ajudar a utilizar estes dois tipos de sistemas para treinarmos a resistência ao impulso e aumentarmos a nossa Inteligência Emocional?

Os psicólogos Yaacov Trope e Nira Liberman, propuseram que quando imaginamos o futuro ou pensamos sobre o passado, estamos a ativar a distância psicológica.

A distância pode ser em tempo (agora vs futuro), espaço (perto vs longe), social (nós vs estranhos) e certeza (definitivo vs hipotético). Quanto maior a distância psicológica, mais abstrata a informação torna-se, ativando o sistema cognitivo frio.

Então, na prática, como utilizar esta distância psicológica, de forma a ativar o sistema cognitivo frio ou o sistema emocional quente?

Sistema cognitivo frio

  • Kevin Ochsner e Hedy Kober, da Universidade da Columbia, mostraram fotografias de cigarros para induzir desejo em fumadores, enquanto os seus cérebros estavam a ser examinados numa máquina de ressonância magnética funcional. Durante o estudo, os participantes foram instruídos a pensar nos efeitos a curto prazo (Vai saber bem) ou nas consequências a longo prazo (Posso apanhar cancro nos pulmões). Quando os fumadores focaram-se nas consequências a longo prazo, ativando o sistema cognitivo frio, o seu desejo de fumar reduziu significativamente.

Sistema emocional quente

  • Por exemplo, se tivermos duas propostas de emprego e se estivermos com dúvidas, podemos imaginar com detalhe, como seria passar um dia inteiro hoje a trabalhar lá. Dessa forma, ativamos o sistema mais quente.

Desafio mensal de Resistência ao Impulso

Para o desafio deste mês, segue os seguintes passos para ativares o sistema cognitivo frio ou o sistema emocional quente:

  1. Pensa em situações que queiras deixar de fazer (fumar, comer doces, procrastinar) e em situações que queiras começar a fazer ou aquilo que queres atingir (ser saudável, trabalhar num novo sítio, ter poupanças)
  2. Nas situações que queres deixar, ativa a distância psicológica para o “futuro” e pensa em todas as consequências que vais obter, se continuares a fazer o que estás a fazer. Nas situações que queres começar, ativa a distância psicológica para o “agora” e imagina com detalhe como te irás sentir, se já as tivesse atingido.

 

resistência ao impulso - inteligência emocional

 

#6 Desafio 2018 – Alimentação

Chegamos a Junho e é altura de mais um desafio para desenvolver a nossa Inteligência Emocional!

Recordamos os últimos cinco desafios mensais:

O desafio deste mês não é uma categoria da Inteligência Emocional, mas é uma categoria que afeta e é afetada por ela. Este mês vamos-nos dedicar à nossa Alimentação.

Tem sido evidenciado que as doenças não transmissíveis como as doenças cardiovasculares, cancro ou diabetes, causaram a morte prematura de 40 milhões de pessoas por todo o mundo (OMS, 2007). As causas são multiplas, mas a fraca qualidade da alimentação é um fator forte e que tem vindo a ser estudado crescentemente nas últimas décadas.

Neste contexto, têm vindo a ser implementadas algumas estratégias, como avisos nutricionais para ajudar os cidadãos a tomarem melhores decisões nutritivas, mas apesar de todos os esforços, os resultados têm estado muito aquém do desejado. E porquê? Porque os instrumentos foram desenhados baseados nas capacidades cognitivas dos consumidores (Prieto-Castillo, Royo-Bordonada, & MoyaGeromini, 2015) e assume que os consumidores estão conscientes dos prós e contras das suas escolhas alimentares. No entanto, não é isso que acontece.

Muitas escolhas que fazemos são inconscientes e as nossas decisões utilizam várias heurísticas, através de informação emocional incompleta que nos faz escolher alimentos menos saudáveis, porque têm um melhor sabor e mais calorias. Como consequência, as pessoas focam-se em ganhar benefícios a curto prazo (prazer, sabor), omitindo as consequências que traz para a saúde a longo prazo.

Então, não podemos apenas utilizar uma abordagem cognitiva para mudarmos a nossa alimentação e consequentemente, melhorar a nossa saúde. E é precisamente aí que a Inteligência Emocional pode trazer uma ajuda.

Embora não existam muitos estudos atualmente entre a Inteligência Emocional e a Alimentação, existem alguns estudos que mostram uma ligação positiva com vários tipos de tomadas de decisão mais saudáveis.

Galdona et al., (2011), indicou que as pessoas jovens com maior IE (Inteligência Emocional), reportam um maior nível de bem-estar psicológico e físico obtido através da prática regular de exercício físico. Por outro lado, alguns estudos demonstram uma relação negativa entre a IE e comportamentos pouco saudáveis. Brackett et al., (2004) sugeriu que os estudantes com reduzida IE têm mais probabilidade de ter comportamentos inapropriados, como consumir drogas ilegais e consumir álcool em excesso. Entretanto, Filaire et al. (2012), mostrou que os atletas com menor IE tendem a utilizar a comida como estratégia de compensação quando têm um pior desempenho.

Um estudo sobre a IE e a Alimentação foi feito por Kidwell et al. (2008), que mostrou que os consumidores com maior IE, resistem mais a comidas tentadoras e escolhem mais opções saudáveis.

O desafio deste mês passa por utilizares a Inteligência Emocional na escolha das tuas opções alimentares. Durante este mês presta atenção ao seguinte:

  • Quando te apetecer um alimento menos saudável, tenta observar de onde veio esse desejo. Deve-se a alguma compensação sobre algo que aconteceu, estás com menos energia, estás mais frustrado ou triste, não comes há várias horas, ou que outro motivo será?
  • Ganha mais consciência dos alimentos que ingeres diariamente, em vez de pedires e consumires de forma mais automatizada. E, sempre que possível, substitui um potencial alimento menos saudável por um mais saudável (água em vez de bebida açucarada, salada em vez de batatas fritas, menos açúcar no café (ou sem açúcar), etc). Esta consciência e substituição alimentar, ao longo de todo o mês, vai fazer diferença.

Bons treinos!

 

 

 

 

#5 Desafio 2018 – Resistência ao Impulso

Chegamos ao mês de Maio e é tempo de lançarmos o nosso 5º desafio mensal para desenvolver a Inteligência Emocional! O desafio deste mês é sobre a Resistência ao Impulso.

Recordamos os últimos quatro desafios mensais:

 

A Resistência ao Impulso é capacidade de um indivíduo resistir ao desejo da gratificação imediata, de forma a obter uma maior recompensa a longo prazo. Esta competência é um factor crítico de sucesso no nosso controlo emocional. Esta capacidade é algo que nos separa do resto do reino animal, pois em vez de responder a impulsos imediatos, temos o poder de planear, avaliar acções alternativas e evitar fazer coisas que depois nos arrependemos.

Ao longo da nossa vida, vamos tomando decisões, umas cedendo mais a gratificações instantâneas e outras pensando mais a longo prazo. No entanto, e embora tenhamos esta capacidade de resistir ao impulso imediato, é muito comum optarmos por decisões que nos dêem uma maior recompensa a longo prazo. Mas porque é que isso acontece?

Os investigadores e teóricos das últimas décadas têm conceptualizado a mente humana como composta por múltiplos “self” (múltiplos “eu”). O self que faz a escolha hoje e o self que lida com as consequências, parecem ser diferentes pessoas. O que se tem vindo a descobrir é que o nosso futuro self é visto e tratado pelo nosso cérebro, como se de outra pessoa se tratasse. E como pensamos no nosso futuro “eu” como outra pessoa, as nossas decisões tendem a ser diferentes.

Uma psicóloga da Universidade de Princeton, chamada Emily Pronin, mostrou que esta falha leva a que tratemos o nosso futuro “eu” como um estranho. Nas suas experiências, é perguntado aos estudantes que façam uma série de escolhas de autocontrolo, para o nosso “eu” presente e para o nosso “eu” futuro.

Como somos nós próprios, deveríamos repartir o peso dessas escolhas. Mas não é isso que acontece. Temos a tendência de salvar o nosso eu do presente de coisas mais stressantes, mas carregamos o nosso futuro eu com mais coisas, como se fizéssemos com estranhos.

Numa experiência, os estudantes tinham que beber um líquido nojento feito de ketchup e molho de soja. Eles tinham que escolher quando é que estariam dispostos a beber em nome da ciência. Quanto mais bebessem, mais seria útil para a pesquisa dos cientistas. A alguns estudantes, foi dito que tinham que beber o líquido daí a uns minutos e a outros que só tinham que beber no próximo semestre. E a outros estudantes, foi pedido para escolher quanto é que o próximo participante do estudo teria que beber.

Os estudantes assignaram mais do dobro do líquido ao seu eu futuro ou aos estranhos, do que para si. Este viés funciona com vários fatores, desde uns mais repulsivos, até outros de carácter mais solidário.

Foi perguntado aos estudantes quanto tempo é que estavam dispostos a dar, para ajudar uma boa causa, nomeadamente ajudar em tutorias no próximo semestre. Eles atribuíram 85m ao seu futuro eu para ajudar os alunos no próximo semestre. Foram ainda mais generosos com o tempo dos outros estudantes, atribuindo 120m. Mas quando lhes foi pedido para comprometerem-se para este semestre, o seu eu presente tinha apenas 27m disponíveis.

Então como é que podemos ultrapassar este efeito que o nosso cérebro cria sobre o nosso futuro e aprender a tomar decisões mais benéficas hoje, para melhorar o nosso futuro? Vamos propor uma forma no nosso desafio deste mês.

Quanto mais consciência tivermos deste nosso viés, mais comportamentos vamos mudar no presente. Este mês, cada vez que tomares uma decisão que requeira força de vontade, vê se a promessa do teu bom comportamento no futuro aparece. Dizes a ti próprio que vais compensar amanhã pelo teu comportamento de hoje? Que efeito tem isso no teu autocontrolo? E no dia seguinte, no dia que disseste que ias fazer o que prometeste a ti próprio, vê se realmente o fazes e se realmente te apetece.

 

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