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Reconhecer Emoções nos Outros

A capacidade de reconhecer as emoções nas outras pessoas permite-nos interagir de forma muito melhor, conseguindo alterar a nossa comunicação conforme a informação que estejamos a receber. O objetivo final é criar empatia mais facilmente com as pessoas que nos rodeiam.


E o que é a empatia?

A empatia consiste em compreender sentimentos e emoções dos outros, em ter a capacidade psicológica de sentir o que o outro está a sentir.


Mas como não podemos saber como as pessoas estão a sentir as emoções dentro de si, temos de fazer esta leitura por meio de outras formas.


Tania Singer, diretora do Departamento de Neurociências Sociais do Instituto Max Planck, na Alemanha, descobriu que sentimos empatia com a dor do outro por via da nossa ínsula anterior, uma região do cérebro situada no sistema límbico, que é a área que usamos para sentir como é a nossa própria dor.


Portanto, começamos por sentir as emoções dos outros no nosso interior quando o nosso cérebro aplica aos sentimentos de outra pessoa um sistema idêntico ao usado para lermos os nossos próprios estados sentimentais.
A empatia alimenta-se da nossa capacidade de perceber sentimentos viscerais no interior do nosso próprio corpo.


Como Daniel Goleman disse: “Os circuitos no cérebro social leem as emoções, intenções e ações das outras pessoas e simultaneamente ativam no nosso próprio cérebro essas mesmas regiões cerebrais, dando-nos um sentimento interior do que se está a passar na outra pessoa.” (Goleman, 2013).


A linguagem não verbal é um mundo.

Cada gesto significa algo, por mais pequeno que pareça, é uma mensagem que está a ser transmitida, na maior parte das vezes, de forma inconsciente.
Ou seja, é o nosso subconsciente que está a transmitir uma mensagem.
E se a mensagem da nossa linguagem corporal ou linguagem não verbal for diferente da linguagem verbal, regra geral a verdadeira mensagem é a da linguagem não verbal.


Estamos sempre a comunicar com o nosso corpo, sempre.


Porque mesmo que estejamos parados e sem nos expressar, estamos também a comunicar algo.


Através da linguagem não verbal, conseguimos identificar os estados emocionais das pessoas à nossa volta e, dessa forma, ajustar a nossa interação com elas, conseguindo trabalhar melhor a quinta categoria, os relacionamentos pessoais, de que iremos falar posteriormente.


A chave para compreender os sentimentos e emoções das outras pessoas são os canais não verbais, nomeadamente o tom de voz, os gestos, as expressões faciais, entre outros.

Uma das maiores pesquisas sobre a capacidade de as pessoas lerem mensagens não verbais é de Robert Rosenthal, atualmente professor de Psicologia na Universidade da Califórnia em Riverside, e dos seus estudantes. Rosenthal desenhou um teste para testar a empatia, o PONS, que consistia numa série de filmagens de uma jovem a expressar sentimentos que iam do nojo ao amor maternal (Rosenthal, et al., 1979).
O vídeo foi editado para que, em cada cena, um ou mais canais de comunicação verbal fossem desligados, tornando também as palavras impercetíveis.
Por exemplo, em certas cenas apenas se veem as expressões faciais e noutras apenas o corpo e os gestos.


Nos testes feitos a mais de 7.000 pessoas nos EUA e noutros 18 países, verificou-se que os benefícios de sermos capazes de ler bem os sentimentos através das pistas não verbais incluem uma melhor adaptação emocional, maior extroversão social e maior sensibilidade para com os outros.


Então, isto significa que quanto mais formos capazes de reconhecer as emoções nos outros, quanto mais treinarmos esta aptidão, mais trabalhamos em nós próprios também. Conseguimos adaptar-nos melhor aos eventos emocionais, melhoramos as nossas aptidões sociais e tornamo-nos mais sensíveis às necessidades dos outros, aumentando a nossa empatia.


Paula Niedenthal, professora de Psicologia Social na Universidade de Wisconsin, passou as últimas décadas investigando a ligação entre o corpo e a emoção. Niedenthal demonstrou inúmeras vezes a importância que o corpo tem nas nossas experiências emocionais.


Num dos estudos, pediu a alguns estudantes que dissessem que emoções sentiam perante vários objetos e elementos diferentes (desde uma garrafa de água a uma lesma).
Sem os alunos saberem, Niedenthal escolheu elementos que fossem altamente emocionais e que gerassem sentimentos de alegria, nojo ou raiva ou que não tivessem nenhuma carga emocional.
Adicionalmente, pediu também que os alunos avaliassem conceitos mais abstratos, tal como a alegria ou a raiva, como emocionais ou não.
Niedenthal inseriu também pequenos elétrodos debaixo da boca e acima dos olhos dos estudantes, enquanto estes avaliavam a carga emocional dos elementos e dos conceitos.
O que o estudo mostrou foi que, enquanto os alunos avaliavam os objetos e os elementos, existia uma correspondência entre o que os estudantes sentiam emocionalmente e a emoção espelhada na sua cara.


Niedenthal fez outra experiência em que pediu aos voluntários que vissem vídeos de pessoas cujas caras mudavam de uma expressão para outra, por exemplo, de alegre para triste ou de chateada para excitada, e que carregassem num botão quando vissem a expressão a mudar.
Enquanto os voluntários observavam as caras a mudar de emoção, estes também modificavam a sua própria expressão facial ao ritmo dos vídeos.

Niedenthal pediu depois a alguns voluntários que imitassem livremente as expressões faciais que estavam a observar e a outros que segurassem um lápis entre os seus lábios e dentes, impedindo que estes franzissem ou sorrissem.
Os voluntários que podiam imitar livremente as caras detetaram as mudanças emocionais nos vídeos muito mais rapidamente do que aqueles que estavam a ser impedidos de as imitar.


As nossas expressões faciais enviam sinais ao cérebro sobre como nos devíamos estar a sentir, o que, por sua vez, também afeta a nossa capacidade de reconhecer as emoções nos outros.

Niedenthal, et al., 2001


Então, aprender a reconhecer emoções é importante para conseguirmos entender os outros e criarmos empatia, bem como para entendermos como a linguagem não verbal também afeta as nossas próprias emoções.


Retirado do Livro “Inteligência Emocional – uma abordagem prática” de Paulo Moreira

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